Alenquer, História e Geografia de Alenquer | Pará

Alenquer, História e Geografia de Alenquer | Pará

Alenquer, História e Geografia de Alenquer | Pará

Segundo Fulgêncio Simões, na obra citada pelo historiador Palma Muniz, o município de Alenquer constituiu uma das zonas de catequese dos capuchos da Piedade, que se estabeleceram, provavelmente, no final do século XVII, à margem do rio Curuá, onde formaram uma aldeia com o nome de origem portuguesa de Arcozellos, atraindo para o local os índios da região.

Alguns deles, como os da tribo dos Barés ou Abarés, eram ali aldeados.

Uma série de dificuldades determinou a mudança da sede dos capuchinhos para outro lugar, onde, com o auxílio dos índios do rio Trombetas, fundaram a aldeia de Surubiú, denominação dada pela sua situação à margem do rio do mesmo nome.

Quando Francisco Xavier de Mendonça Furtado, irmão do Marquês de Pombal, veio governar o Estado do Grâo-Pará e Maranhão, trouxe ele instruções de dar uma nova feição administrativa à Amazônia.

Entre as medidas a serem implantadas estava a de elevar à categoria de vila as povoações que julgasse em condições de merecer.

Dessa forma, em 1758, o governador e capitão-general Francisco Xavier de Mendonça Furtado elevou à condição de vila esse povoado, com o nome de origem portuguesa de Alenquer, criando, assim, o Município.

Logo após a adesão do Pará à Independência do Brasil, os descontentamentos se alastraram, pois os portugueses continuavam no poder. Primeiramente houve a revolta em Cametá, que alastrou-se pelo interior.

De Santarém preparou-se a defesa do Baixo-Amazonas com a organização de uma tropa santarense. Os insurretos, já tinham ocupado Gurupá, Prainha e Monte Alegre e seguiram para Alenquer, onde ocuparam sem reação a 28 de março de 1824. Para combatê-los, seguiu um destacamento de Santarém, sob o comando do tenente Francisco Caetano da Silva, sendo vitorioso após um curto combate.

A vitória obtida contra os insurretos em Alenquer; Como Município, Alenquer entrou no regime imperial brasileiro, até que, o Conselho do Governo, na sessão de 14 de maio de 1833, retirou-lhe a condição de vila, passando, assim, o seu território a fazer parte do de Santarém, até 1848, ocasião em que foi restaurado pelo disposto na Lei nº 140, de 23 de junho e instalado a 11 de janeiro de 1849.

No mesmo dia tomou posse a Câmara Municipal presidida por Teodósio Constantino Batista. Ainda no Império a elevação de Alenquer a termo judiciário, ocorreu a 1º de maio de 1874, com um conselho de jurados, que se reuniu pela primeira vez no dia 15 de dezembro daquele ano, sob a presidência de Inocêncio Pinheiro Corrêa, Juiz de Direito da Comarca de Santarém, da qual fazia parte o novo termo judiciário.

A elevação do termo de Alenquer à categoria de Comarca ocorreu a 29 de de março de 1883, através da Lei nº 1.145. Porém, somente no regime republicano foi classificada como 2ª entrância, pelo Decreto nº 118, de 3 de janeiro de 1890. Seu primeiro Juiz de Direito foi Afonso Barbosa da Cunha Moreira.

A elevação da vila à condição de cidade ocorreu ainda no Império, pela Lei nº 1.050, de 10 de junho de 1881. Após a Proclamação da República, todas as Câmaras Municipais foram extintas, substituídas por Conselhos de Intendência.

A de Alenquer teve sua extinção determinada pelo Governo Provisório do Pará a 15 de março de 1890, pelo Decreto nº 107. No mesmo dia, o Decreto nº 108 criava o Conselho, presidido por Fulgênio Firmino Simões. A posse ocorreu a 7 de abril seguinte.

O município de Alenquer figura no Decreto nº 6, de 4 de novembro de 1930, que relaciona todos os Municípios do Estado, como também no Decreto nº 72, de 27 de dezembro do mesmo ano, que versa sobre o mesmo assunto.

Também figura na Lei nº 8, de 31 de outubro de 1935 e nos quadros da divisão territorial do Estado a vigorar para o período de 1936-1937, em que o Município compreendia quatro distritos: Alenquer, Curuá, Cuipéua e Paraná-Miri.

Já no quadro anexo do Decreto-lei nº 2.972, de 31 de março de 1938, e pela divisão estabelecida pelo Decreto nº 3.131, de 31 de outubro de 1938, o Município passou a ter dois distritos: Alenquer (cujo território estava acrescido dos de Cuipéua e Paraná-Miri) e Curuá.

Em 1955 o Município de Alenquer teve seu território desmembrado, com a elevação do distrito de Curuá à categoria de Município, através da Lei nº 5.924, de 28 de dezembro, sendo instalado em 1977. Atualmente o município de Alenquer é constituído, apenas, pelo distrito-sede.

Cultura de Alenquer

Duas grandes festividades marcam as manifestações de cunho religioso, no município de Alenquer. A primeira delas, a Festa de São Benedito, Padroeiro do bairro de Loanda, acontece no mês de janeiro com novenário, arraial e encerramento com procissão.

No mês de junho, acompanhada de procissão, arraial e leilão, acontece a festividade de Santo Antônio. Outras manifestações populares, porém, merecem destaque.

É o caso da quadra carnavalesca, da quadra junina e da festa de Natal. Nos festejos juninos, ocorrem apresentações de bois-bumbás, com destaque para os bois Veludinho e Malhadinho e do Pássaro Pavão Misterioso. Há, ainda, um grupo pastoril o Pastoral, bem como a dança do Marambiré. Segundo Loureiro & Loureiro (1987), apesar do município de Alenquer não ter grande influência negra na sua formação étnica, com os movimentos dos quilombos, um grande grupo de negros fugidos das fazendas de Santarém, localizou-se às margens do rio Curuá, onde constituiu um mocambo, a que deram o nome de Pacoval.

Portanto, o Marambiré é uma manifestação de origem africana que faz apresentações na época do Natal e durante as festividades de São Benedito. O artesanato de Alenquer não apresenta muita variedade. As peças confeccionadas pelos artesões locais são fabricadas, basicamente, com matéria -prima extraída da fauna e da flora, com destaque para os trabalhos com ouriços de castanha, coco, raízes, conchas, sementes e outros.

Além disso, há os trabalhos artesanais de empalhamento de aves, peixes, bem como pintura e desenho. A beleza e a conservação da igreja de Santo Antônio de Alenquer fazem dela o mais importante monumento histórico.

Além do templo, porém, destacam-se, na cidade, os prédios da Prefeitura Municipal e do Grupo Escolar Fulgêncio Simões. Vinculados à Prefeitura Municipal de Alenquer, estão os dois principais equipamentos culturais da cidade: a Biblioteca Pública e a Casa da Cultura. 

O município de Alenquer pertence à mesorregião do Baixo Amazonas e a microrregião de Santarém.

A sede municipal tem as seguintes coordenadas: 01º 56' 00" S e 54º 44' 00º W Gr. LIMITES Ao Norte - Município de Almeirim A Leste - Município de Monte Alegre Ao Sul - Município de Santarém A Oeste - Municípios de Óbidos e Curuá

Solos de Alenquer

Considerando-se uma distribuição geográfica, pode-se identificar cinco associações de solos no município: latossolo Amarelo distrófico textura média e areia quartzosa distrófica; Podzólico Vermelho-Amarelo textura argilosa e Podzólico Vermelho-Amarelo equivalente eutrófico textura argilosa, grey pouco húmico, eutrófico textura indiscriminada e solos Aluviais eutróficos textura indiscriminada.

Vegetação de Alenquer

A vegetação é bastante diversificada. A floresta equatorial úmida está presente nas terras firmes, apresentando espécies variadas, incluindo a presença da castanheira que ocorre, de modo constante, nas áreas de solos com acidez mais baixa. Nas áreas mais baixas sujeitas a uma umidade mais elevada, a vegetação é de várzea, com a presença freqüente de palmeiras, intercalada com a vegetação herbácea rasteira dos campos de várzea. A presença de campos também é constante ao norte do Município, onde os solos são pobres e vegetação predominante é graminoide com arbustos esparsos.

Patrimônio Natural de Alenquer

A alteração da cobertura vegetal natural, trabalhando com imagens LANDSAT-TM, do ano de 1986, era de 6,71.

Os acidentes geográficos mais importantes são os rios Amazonas e o Curuá, este com o seu principal afluente, o Cuminapanema.

O rio Curuá contém várias cachoeiras, entre elas: Cachoeirinha (uma das menores existentes no rio Curuá), Cajuti, Benfica, Japi, Brigadeiro, Cumaru, Tracajá, Três Botas, Birimbau, Ariramba, Frieira e do Pilão. Quanto aos lagos, os mais conhecidos são: o Curumu (com 4.500m x 1.500m), Uruxi, Capintuba, Botos, Lago Grande de Juaru etc, que oferecem belas paisagens com vitórias-régias, praias, garças e as conchas de itã.

Destacam-se as ilhas Araripi, Juruparipacu entre outras. Como patrimônio natural pode-se incluir, ainda, a área indígena Cuminapanema/Urucuriana com 2.175.000 ha (21.750 km²), sendo que parte dele se localiza no município de Óbidos. Interessantes, também, são as áreas de grande beleza cênica e pinturas ruprestes, encontradas no local denominado Morada dos Deuses.

Topografia de Alenquer

A topografia do Município apresenta variações altimétricas de certa relevância, considerando-se sua porção setentrional, localizada em áreas do Planalto Dissecado Norte da Amazônia, cuja comprovação é facilmente percebida pelos trechos encachoeirados dos rios Curuá e Cuminapanema, e cujas maiores elevações ao norte, atingem cerca de 400m.

Geologia e Relevo de Alenquer

A estrutura geológica do Município é relativamente simples, embora apresente um grande número de unidades litoestratigráficas. Na sua porção setentrional, expõem-se rochas de idade Pré-cambrianas referidas ao Complexo Guianense, de natureza granitognaíssica, e ao Supergrupo Vatumã, com suas subunidades Grupo Iricoimé e Suite Intrusiva Mapuera, de natureza vulcano e plutônica, respectivamente.

Na porção meridional, já em áreas da Bacia do Amazonas, predominam, em grande extensão, rochas sedimentares paleozoicas, representadas pelas Formações: Trombetas (Siluriano); Maecuro, Ererê e Curuá, de idades Devonianas Inferior, Médio e Superior, respectivamente; Monte Alegre, Itaituba e Nova Olinda, datadas do Carbonífero Inferior, Médio e Superior, respectivamente. Ressalte-se, ainda, a importante presença de rochas básicas (diques de diabásio), de idade Juro-Cretácicas (Mezozóico), e dos sedimentos terciários da Formação Alter do Chão (FM, Barreiras) e os inconsolidados de idade quaternária.

Hidrografia de Alenquer

Os principais rios do Município são: o Amazonas, ao sul, que faz limite com o município de Santarém com seus lagos, ilhas, furos e paranás, entre os quais o paraná de Alenquer que banha a sede municipal ; o Curuá que nasce no Município e corta o seu território no sentido norte-sul, apresenta dificuldade para navegação no seu médio e alto curso, devido à grande intensidade de cachoeiras e corredeiras, tais como: Cajuti, Benfica, Brigadeiro, etc. O rio Curuá desemboca no lago dos Botos e se interliga ao Amazonas pelo paraná de Alenquer. Os seus principais afluentes são: pela margem esquerda, o igarapé do Inferno e, pela margem direita, os rios Mamiá e Cuminapanema.

Clima de Alenquer

O clima apresenta a característica geral da microrregião obtida das observações do posto meteorológico mais próximo do Taperinha no município de Santarém. A temperatura relativamente elevada durante todo o ano, apresenta diferenças insignificantes entre as médias mensais e anuais.

A média é de 25,6ºC, com máxima de 30,9ºC e mínima de 22,5ºC. A umidade relativa é elevada, com valores entre 79% e 92%. A precipitação pluviométrica anual fica bem próxima de 2.000mm.

O clima é, segundo Köppen, o Ami. Há duas estações bem definidas: a que vai de dezembro a julho, com chuvas abundantes e, outra, de agosto a novembro, caracterizada por uma estação seca, com totais mensais inferiores a 60 milímetros.

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