Alter do Chão, Caribe brasileiro no Pará
Alter do Chão, como a maior parte das cidades paraenses, tem no nome a influência portuguesa. O vilarejo conheceu dias prósperos, quando foi entreposto de abastecimento de lenha das embarcações que faziam a viagem Belém-Manaus, e no pós-guerra, com o desenvolvimento trazido pela exploração da borracha por Henry Ford. Quando a indústria fordista passou a comprar borracha asiática, na década de 70, a região estagnou. Agora, tenta retomar o crescimento incentivando o turismo.
Longe dos períodos de pico --setembro e Réveillon--, em que o tranqüilo vilarejo chega a receber dez vezes o número de moradores, é possível encontrar praias totalmente desertas ou andar quilômetros sem ser visto. Em setembro, dá para chegar a Alter de Chão a partir de Santarém pela praia, de jipe ou de moto.
Mas a autonomia de locomoção do turista depende do nível do rio. Em janeiro, por exemplo, a maioria das ilhas --ainda aparentes-- só é acessível de lancha, principal meio de transporte da região. Justamente por saberem disso, e por sobreviverem disso, os nativos cobram o salgado preço de R$ 70 --varia conforme a pechincha e o serviço em geral é feito por agências receptivas-- para que o turista visite as praias do entorno durante a manhã.
Nas ruas também encontram-se estrangeiros ou migrantes, que abandonaram a terra natal depois de se encantar pela vila, confirmando o poder apaixonante de suas águas e praias.
Todo mês de agosto os rios paraenses obedecem a um fenômeno da natureza: a vazante, período de menor volume de água. É ela a responsável pelo aparecimento de mais de 200 praias fluviais que brotam na região amazônica nessa época, revelando grandes extensões de areia branca e macia, bem como desvelando uma rica vegetação.
Uma das praias que surgem é a de de Alter do Chão. Magnificamente localizada na margem esquerda do rio Tapajós, a cerca de 32 km de Santarém, durante o ano inteiro, Alter do Chão é uma vila de pescadores com pouco mais de 6.000 habitantes. Mas, na época de seca, ela ganha todas as atenções. O nível da água chega a baixar dez metros, o que proporciona o surgimento de cerca de 100 km de praias. As condições são convidativas: chove pouco, a temperatura média é de 25C, e a umidade, 88%.
Luau
Da cabeceira do Macaco, no lago Verde, é possível parar a lancha e percorrer uma trilha de 1h20min até outra praia, a Ponta de Pedra.
É na Ponta de Pedra que acontece um evento típico das praias amazônicas: a piracaia. Se o turista estiver acompanhado, tanto melhor. Os moradores preparam peixe assado na brasa (em geral, curimatá ou tucunaré) e frutas, enquanto meninas dançam em volta da fogueira ao som de música local. É um típico luau amazônico. Nessa praia, pode-se procurar pela barraca do Expedito, que prepara a festa no mesmo dia e cobra por pessoa.
Para quando a preguiça bater, ao contrário da maioria das cidades litorâneas, a praia do centro do vilarejo é convidativa pela qualidade da areia, pela infra-estrutura oferecida, pelo público sempre interessante e pelo nome: ilha do Amor.
A maior praia --que no verão chega a invadir 1 km rio adentro-- é um dos melhores pontos para aproveitar o pôr-do-sol amazônico.
Cururu
Já na ponta do Cururu fica outra atração de Alter do Chão: espiar os botos. Tanto o cor-de-rosa quanto o tucuxi (cinza) visitam os barcos que desligam seus motores em torno da praia no entardecer.
Allter do Chão é uma das praias mais conhecidas do Pará e já conquistou o mundo por sua beleza. O jornal inglês The Guardian publicou uma lista com as 10 melhores praias do Brasil. No meio de tantas maravilhas espalhadas por cerca de 8 mil quilômetros de litoral, a praia fluvial de Alter do Chão, no oeste paraense, ficou em primeiro lugar, à frente de paraísos marítimos como Fernando de Noronha, em Pernambuco, e Jericoacoara, no Ceará.
A praia de Alter do Chão fica às margens do rio Tapajós. O melhor acesso é no período de janeiro a agosto, quando o volume de água diminui e surgem várias faixas de areia. O jornal inglês classifica a praia como uma "resposta da selva ao Caribe", fazendo alusão ao "Caribe brasileiro", como a praia santarena é conhecida pelos paraenses.
Com 249 anos de fundação, a vila de Alter do Chão, como boa parte das vilas e cidades do oeste paraense, carrega no nome a influência da colonização portuguesa, presente na denominação de Santarém (município onde está Alter do Chão), e de cidades próximas, como Óbidos e Alenquer.
A vila de pescadores, que possui cerca de 6 mil habitantes e fica a pouco mais de 30 quilômetros da sede de Santarém.
Alter do Chão atrai a curiosidade principalmente de turistas estrangeiros, que ali desembarcam de luxuosos navios para conhecer a história, a culinária e o artesanato locais, e desfrutar das águas cálidas do rio Tajajós e da exuberância da Floresta Nacional do Tapajós.