Guerra dos Mascates no Brasil Colonial

Guerra dos Mascates no Brasil Colonial


A Guerra dos Mascates foi um conflito entre senhores de terras e engenhos pernambucanos de Olinda, e comerciantes portugueses do Recife, chamados pejorativamente de mascates, que acontece entre 1710 e 1712. Dependentes economicamente dos comerciantes, junto a quem contraíram dívidas por causa da queda internacional do preço do açúcar, os proprietários pernambucanos não aceitam a emancipação político-administrativa do Recife, que só agravaria sua situação diante da burguesia lusitana. Em fevereiro de 1710, pouco depois de receber a carta régia que eleva o povoado à condição de vila, os comerciantes inauguram o Pelourinho e a Câmara Municipal, separando o Recife de Olinda, a sede da capitania. A aristocracia rural pernambucana reage e ataca o Recife sob a liderança de Bernardo Vieira de Melo e de Leonardo Bezerra Cavalcanti. O governador Caldas Barbosa, ligado aos mascates, foge para a Bahia, deixando o governo da capitania com o bispo Manuel Álvares da Costa. Mas os mascates contra-atacam em 1711. Invadem Olinda e provocam incêndios e destruição em vilas e fazendas próximas. A nomeação de um novo governador e a atuação de tropas mandadas da Bahia põem fim à guerra. A burguesia mercantil recebe o apoio da metrópole, e o Recife mantém sua autonomia. Mas o sentimento autonomista e antilusitano dos pernambucanos, que vinha desde a luta contra os holandeses, continua a manifestar-se em outros conflitos, inclusive no processo da Independência.

A expulsão dos holandeses da capitania de Pernambuco, em 1654, gerou significativas mudanças socioeconômicas na região. Com a crise do açúcar brasileiro, provocada pela nova concorrência do produto obtido nas Antilhas, os grandes produtores começaram a sentir o gosto amargo da falta dos investimentos holandeses.

Guerra dos Mascates no Brasil ColonialMesmo assim, estes latifundiários, concentrados na cidade de Olinda, sede do poder político, continuavam a exercer grande influência sobre as decisões administrativas. Por outro lado, surgia em Recife uma nova onda de desenvolvimento, gerada pela atividade comercial de portugueses na região, os chamados “mascates”.

Contrastando com a decadência econômica de Olinda, Recife crescia sob os investimentos de infraestrutura feitos pelos holandeses, se tornando o principal polo econômico  da capitania. A rivalidade entre Olinda (poder político) e Recife (poder econômico) se iniciou quando os fazendeiros de Olinda começaram a pedir empréstimos para os comerciantes recifenses e não foram capazes de pagar.

Guerra dos Mascates no Brasil ColonialAlém disso, na tentativa de se reestruturar, a câmara de Olinda aumentou os impostos sobre Recife, o que gerou a revolta dos mascates. Desta forma, os recifenses conseguirem, em 1703, elevar o povoado à categoria de vila, tendo assim, sua câmara municipal autônoma. Tal fato foi decisivo para o início do conflito propriamente dito.

O mesmo se findou em 1710, com a intervenção da Coroa no caso e a nomeação de Félix José de Mendonça como governante da região. Embora o mesmo tenha adotado medidas diplomáticas, como a transferência da administração política para cada uma das cidades a cada seis meses, Félix José apoiou Recife em sua luta pela autonomia de Olinda. Em outras palavras, os mascates venceram.

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