Goiás | História, Geografia, Economia e Cultura do Estado de Goiás

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Goiânia - Capital de Goiás

História de Goiás
Período do ouro

Durante o ciclo do ouro, a cobrança de impostos diferenciada gerou insatisfação junto a muitos garimpeiros e comerciantes da região norte da província de Goiás. As reivindicações eram contra o chamado ―captação‖, imposto criado para tentar a sonegação que taxava os proprietários pela quantidade de escravos que possuíam e não pela quantidade de ouro extraída, o que onerava demais a produção do norte. Por não conseguirem pagar as quantias presumidas de imposto, esses proprietários sofriam a ―derrama‖ - imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa Portuguesa.

Os garimpeiros viam na província do Maranhão uma alternativa para o recolhimento de impostos menores. O governo da província goiana, com isso, temendo perder os rendimentos oriundos das minas do norte, suspende tanto a cobrança do imposto – voltando a cobrar somente o quinto – quanto a execução de dividas (a derrama), o que arrefece a insatisfação das vilas mais distantes de Vila Boa de Goiás.

A comarca do Norte

A ocupação da porção norte da província de Goiás era feita a medida em que se descobria ouro. Para estimular o desenvolvimento dessa parte da província e melhorar a ação do governo e da justiça, foi  proposta a criação de uma nova comarca, a ―Comarca do Norte‖ ou ―Comarca de São João das Duas Barras‖, por Teotônio Segurado, ouvidor-geral de Goiás, em 1809.

A proposta foi aceita por D. João VI e, em 1915, Teotônio Segurado se tornou ouvidor na Vila da Palma, criada para ser a sede dessa nova Comarca. Com o retorno da Família Real para Portugal, as movimentações pela independência do Brasil e a Revolução do Porto (em Portugal), Teotônio Segurado, junto com outras lideranças declaram a separação da Comarca do Norte em relação ao sul da província, criando-se a ―Província do Norte‖. Em 1823, é pedido o reconhecimento da divisão junto à corte no Rio de Janeiro, mas esse reconhecimento foi negado, e houve a determinação para que houvesse a ―reunificação‖ do governo da província.

O padre Luiz Gonzaga Camargo Fleury ficou encarregado de desmobilizar com os grupos autonomistas, que já estavam enfraquecidos por conflitos internos desde o afastamento de Teotônio Segurado, ainda em 1821, como representante goiano junto às cortes em Portugal. Durante o período imperial, outras propostas de divisão que contemplavam de alguma forma o norte de Goiás ainda foram discutidas, como a do Visconde de Rio Branco e Adolfo Varnhagen.

Arqueologia em Goiás

A ocupação do território de Goiás teve início há milhares de anos com registros arqueológicos mais antigos datados de 11 mil anos atrás. A região de Serranópolis, Caiapônia e Bacia do Paranã reúne a maior parte dos sítios arqueológicos distribuídos no Estado, abrigados em rochosos de arenito e quartzito e em grutas de maciços calcários. Também há indícios da ocupação pré-histórica nos municípios de Uruaçu, em um abrigo de micaxisto, e Niquelândia, cujo grande sítio superficial descoberto por pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) guarda abundante material lítico do homem Paranaíba.

O homem Paranaíba, por sinal, é o primeiro representante humano conhecido na área, cujo grupo caçador-coletor possuía presença constante de artefatos plano-convexos, denominados ―lesmas‖, com poucas quantidades de pontas de projéteis líticas. Outro grupo caçador-coletor é o da Fase Serranópolis que influenciado por mudanças climáticas passou a se alimentar de moluscos terrestres e dulcícolas e uma quantidade maior de frutos, além da caça e da pesca.

Grupos Ceramistas - As populações ceramistas passam a ocupar o território de Goiás a cerca de dois mil anos, quando supostamente o clima e a vegetação eram semelhantes aos atuais. São classificados em quatro tradições: Una, Aratu, Uru e Tupi-Guarani.

Tradição Uma - É a tradição ceramista mais antiga do Estado. Habitavam abrigos e grutas naturais, cultivavam milho, cabaça, amendoim, abóbora e algodão e desenvolveram a tecnologia da produção de vasilhames cerâmicos.

Tradição Aratu - São os primeiros aldeões conhecidos. Habitavam grandes agrupamentos, em disposição circular ou elíptica ao redor de um espaço vazio, situados em ambientes abertos, geralmente matas, próximos a águas perenes. Cultivavam milho, feijão, algodão e tubérculos. Produziam vasilhames cerâmicos de diferentes tamanhos e, a partir da manipulação da argila, confeccionavam rodelas de fusos, utilizados na fiação do algodão, dentre outros artefatos.

Tradição Uru - A população da Tradição Uru chegou um pouco mais tarde no território goiano. Os sítios arqueológicos datados do século XII estão localizados no vale do Rio Araguaia e seus afluentes.
Tradição Tupi-Guarani - É a mais recente das populações com aldeias, datada de 600 anos atrás. Habitavam aldeias dispersas na bacia do Alto Araguaia e na bacia do Tocantins. Conviviam, às vezes, na mesma aldeia com outros grupos horticultores, de outras tradições.

Colônia

Após o descobrimento do Brasil pelos portugueses, durante os séculos XVI e XVII, o território goiano começou a receber diversas expedições exploratórias. Vindas de São Paulo, as Bandeiras tinham como objetivo a captura de índios para o uso como mão de obra escrava na agricultura e minas. Outras expedições saíam do Pará, nas chamadas Descidas com vistas à catequese e ao aldeamento dos índios da região. Ambas passavam pelo território, mas não criavam vilas permanentes, nem mantinham uma população em número estável na região.

A ocupação, propriamente dita, só se tornou mais efetiva com a descoberta de ouro nessas regiões. Na época, havia sido achado ouro em Minas Gerais, próximo a atual cidade de Ouro Preto (1698), e em Mato Grosso, próximo a Cuiabá (1718). Como havia uma crença, vinda do período renascentista, que o ouro era mais abundante quanto mais próximo ao Equador e no sentido leste-oeste, a busca de ouro no ―território dos Goyazes‖, passou a ser foco de expedições pela região.

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Bandeiras - O território goiano recebeu bandeiras diversas, sendo que a de Francisco Bueno foi a primeira a achar ouro na região (1682), mas em pequena quantidade. Essa expedição explorou até as margens do Rio Araguaia e junto com Francisco Bueno veio seu filho, Bartolomeu Bueno da Silva, conhecido por Anhanguera (Diabo velho). Segundo se registra, Bartolomeu Bueno da Silva teria se interessado sobre o ouro que adornava algumas índias de uma tribo, mas não obteve êxito em obter informações sobre a procedência desse ouro. Para conseguir a localização, resolveu então ameaçar por fogo nas fontes e rios da região, utilizando aguardente para convencer aos índios de que poderia realmente executar o feito – o que lhe conferiu o apelido.

Seu filho, também chamado de Bartolomeu Bueno da Silva, 40 anos depois, também tentou retornar aos locais onde seu pai havia passado, indo em busca do mito da ―Serra dos Martírios‖, um lugar fantástico onde grandes cristais aflorariam, tendo formas semelhantes a coroas, lanças e cravos, referentes à ―Paixão de Cristo‖. Chegou, então, as regiões próximas ao rio Vermelho, onde achou ouro (1722) em maior quantidade do que noutros achados e acabou fixando na região a Vila de Sant'Anna (1727), chamada depois Vila Boa de Goyaz.

Após retornar para São Paulo para apresentar os achados, foi nomeado capitão-mor das ―minas das terras do povo Goiá‖. Entretanto, seu poder foi sendo diminuído à medida que a administração régia se organizava na região. Em 1733, perdeu direitos obtidos junto ao rei, sob a alegação de sonegação de rendas, vindo a falecer em 1740, pobre e praticamente sem poder.

Nessa época, as principais regiões ocupadas no período aurífero foram o Centro-Sul (próximo ao caminho para São Paulo), o Alto Tocantins e Norte da capitania, até próximo a cidade de Porto Nacional (hoje Estado do Tocantins). Grandes áreas como o Sul, o Sudoeste, o Vale do Araguaia e as terras ao Norte de Porto Nacional só foram ocupadas mais intensamente no século XIX e XX, com a ampliação da pecuária e da agricultura.

O ouro goiano era principalmente de aluvião (retirado na superfície dos rios, pela peneiragem do cascalho), e se tornou escasso depois de 1770. Com o enfraquecimento da extração, a região passou a viver principalmente da pequena agricultura de subsistência e de alguma pecuária.

As primeiras divisões do Estado - Durante o período colonial e imperial, as divisas entre províncias eram difíceis de serem definidas com exatidão, muitas vezes sendo definidas de forma a serem coincidentes com os limites das paróquias ou através de deliberações políticas vindas do poder central. No entanto, no decorrer do processo de consolidação do Estado de Goiás, o território sofreu diversas divisões, com três perdas significativas no período colonial.

Separação da Capitania de São Paulo - Durante parte do período colonial o território que hoje é o Estado de Goiás foi administrado pela Capitania de São Paulo, na época a maior delas, estendendo-se do Uruguai até o atual estado de Rondônia. Seu poder não era tão extenso, ficando distante das populações e, também, dos rendimentos.

À medida que se achava ouro pelas terras do sertão brasileiro, o governo português buscava aproximar-se da região produtora. Isso aconteceu em Goiás depois da descoberta de ouro em 1722. Como uma forma de controlar melhor a produção de ouro, evitando o contrabando, responder mais rapidamente aos ataques de índios da região e controlar revoltas entre os mineradores, foi criado através de alvará régio a Capitania de Goiás, desmembrada de São Paulo em 1744, com a divisão efetivada em 1748, pela chegada do primeiro governador a Vila Boa de Goyaz, Dom Marcos de Noronha.

Triângulo mineiro - A região que hoje é chamada de ―Triângulo Mineiro‖ pertenceu à capitania de Goiás desde sua criação em 1744 até 1816. Sua incorporação à província de Minas Gerais é resultado de pressões pessoais de integrantes de grupos dirigentes da região, sendo que em 1861 a Assembleia Geral foi palco de discussões acaloradas entre parlamentares de Minas Gerais, que tentavam ampliar ainda mais a incorporação de territórios até o Rio São Marcos e de Goiás.

Leste do Mato Grosso - Em 1753, começaram as discussões entre a administração da Capitania de Mato Grosso e de Goiás para a definição de divisas entre as duas. Nesse período, a divisa entre elas ficou definida a partir do Rio das Mortes até o Rio Pardo. Em 1838, o Mato Grosso reiniciou as movimentações de contestação de divisa, criando a vila de Sant'Ana do Paranaíba. Apenas em 1864, a Assembleia Geral cria legislação para tentar regular o caso.

Durante a república, com a criação do município de Araguaia (1913) por parte do Mato Grosso e de Mineiros por parte de Goiás, o conflito se intensificou. A questão ficou em suspenso até 1975, quando uma nova demarcação foi efetuada. Por fim, em 2001, o STF definitivamente demarcou a nascente A do Rio Araguaia como ponto de partida das linhas demarcatórias entre os estados.

Império

A partir de 1780, com o esgotamento das jazidas auríferas, a Capitania de Goiás iniciou um processo de ruralização e regressão a uma economia de subsistência, gerando graves problemas financeiros, pela ausência de um produto básico rentável.

Para tentar reverter esta situação, o governo português passou a incentivar e promover a agricultura em Goiás, sem grandes resultados, já que havia temor dos agricultores ao pagamento de dízimos; desprezo dos mineiros pelo trabalho agrícola, pouco rentável; a ausência de um mercado consumidor; e dificuldade de exportação, pela ausência de um sistema viário.

Com a Independência do Brasil, em 1822, a Capitania de Goiás foi elevada à categoria de província. Porém, essa mudança não alterou a realidade socioeconômica de Goiás, que continuava vivendo um quadro de pobreza e isolamento. As pequenas mudanças que ocorreram foram apenas de ordem política e administrativa.

A expansão da pecuária em Goiás, nas três primeiras décadas do século XIX, que alcançou relativo êxito, trouxe como consequência o aumento da população. A Província de Goiás recebeu correntes migratórias oriundas, principalmente, dos Estados do Pará, Maranhão, Bahia e Minas Gerais. Novas cidades surgiram: no sudoeste goiano, Rio Verde, Jataí, Mineiros, Caiapônia (Rio Bonito), Quirinópolis (Capelinha), entre outras. No norte (hoje Estado do Tocantins), além do surgimento de novas cidades, as que já existiam, como Imperatriz, Palma, São José do Duro, São Domingos, Carolina e Arraias, ganharam novo impulso.

Os presidentes de província e outros cargos de importância política, no entanto, eram de livre escolha do poder central e continuavam sendo de nacionalidade portuguesa, o que descontentava os grupos locais. Com a abdicação de D. Pedro I, ocorreu em Goiás um movimento nacionalista liderado pelo bispo Dom Fernando Ferreira, pelo padre Luiz Bartolomeu Marquez e pelo coronel Felipe Antônio, que recebeu o apoio das tropas e conseguiu depor todos os portugueses que ocupavam cargos públicos em Goiás, inclusive o presidente da província.

Nas últimas décadas do século XIX, os grupos locais insatisfeitos fundaram partidos políticos: O Liberal, em 1878, e o Conservador, em 1882. Também fundaram jornais para divulgarem suas ideias: Tribuna Livre, Publicador Goiano, Jornal do Comércio e Folha de Goyaz. Com isso, representantes próprios foram enviados à Câmara Alta, fortalecendo grupos políticos locais e lançando as bases para as futuras oligarquias.

Educação em Goiás no século XIX - Em 1835, o presidente da província, José Rodrigues Jardim regulamentou o ensino em Goiás. Em 1846 foi criado na então capital, Cidade de Goiás, o Liceu, que contava com o ensino secundário. Os jovens do interior que tinham um poder aquisitivo maior, geralmente concluíam seus estudos em Minas Gerais e faziam curso superior em São Paulo, e os de família menos abastada, encaminhavam-se para a escola militar ou seminários. A maioria da população, no entanto, permanecia analfabeta. A primeira Escola Normal de Goiás foi criada em 1882, e em 1889 foi fundado pelas irmãs dominicanas um colégio na Cidade de Goiás, que atendia às moças.

O Movimento Abolicionista em Goiás - O poeta Antônio Félix de Bulhões (1845-1887) foi um dos goianos que mais lutaram pela libertação dos escravos. Fundou o jornal O Libertador (1885), promoveu festas para angariar fundos para alforriar escravos e compôs o Hino Abolicionista Goiano. Com a sua morte, em 1887, várias sociedades emancipadoras se uniram e fundaram a Confederação Abolicionista Félix de Bulhões. Quando foi promulgada a Lei Áurea, havia aproximadamente quatro mil escravos em Goiás.

Período republicano em Goiás

A proclamação da República (15/11/1889) não alterou os problemas socioeconômicos enfrentados pela população goiana, em especial pelo isolamento proveniente da carência dos meios de comunicação,  com a ausência de centros urbanos e de um mercado interno e com uma economia de subsistência. As elites dominantes continuaram as mesmas. As mudanças advindas foram apenas administrativas e políticas.

A primeira fase da República em Goiás, até 1930, foi marcada pela disputa das elites oligárquicas goianas pelo poder político: Os Bulhões, os Fleury, e os Jardim Caiado. Até o ano de 1912, prevaleceu na política goiana a elite oligárquica dos Bulhões, liderada por José Leopoldo de Bulhões, e a partir desta data até 1930, a elite oligárquica dominante passa a ser do Jardim Caiado, liderada por Antônio Ramos Caiado.

A partir de 1891, o Estado começou a vivenciar certo desenvolvimento com a instalação do telégrafo em Goiás para a transmissão de notícias. Com a chegada da estrada de ferro em território goiano, no início do século XX, a urbanização na região sudeste começou a ser incrementada o que facilitou, também, a produção de arroz para exportação. Contudo, por falta de recursos financeiros, a estrada de ferro não se prolongou até a capital e o norte goiano, que permanecia praticamente incomunicável. O setor mais dinâmico da economia era a pecuária e predominava no estado o latifúndio.

Com a revolução de 30, que colocou Getúlio Vargas na Presidência da República do Brasil, foram registradas mudanças no campo político. Destituídos os governantes, Getúlio Vargas colocou em cada estado um governo provisório composto por três membros. Em Goiás, um deles foi o Dr. Pedro Ludovico Teixeira, que, dias depois, foi nomeado interventor.

Com a revolução, o governo adotou como meta trazer o desenvolvimento para o estado, resolver os problemas do transporte, da educação, da saúde e da exportação. Além disso, a revolução de 30 em Goiás deu início à construção de Goiânia.

A construção de Goiânia e o governo Mauro Borges - A mudança da capital de Goiás já havia sido pensada em governos anteriores, mas foi viabilizada somente a partir da revolução de 30 e seus ideais de ―progresso‖ e ―desenvolvimento‖. A região de Campinas foi escolhida para ser o local onde se edificaria a nova capital por apresentar melhores condições hidrográficas, topográficas, climáticas, e pela proximidade da estrada de ferro.

No dia 24 de outubro de 1933 foi lançada a pedra fundamental. Dois anos depois, em 07 de novembro de 1935 foi iniciada a mudança provisória da nova capital. O nome ―Goiânia‖, sugerido pelo professor Alfredo de Castro, foi escolhido em um concurso promovido pelo semanário ―O Social‖.

A transferência definitiva da nova capital, da Cidade de Goiás para Goiânia, se deu no dia 23 de
março de 1937, por meio do decreto 1.816. Em 05 de julho de 1942, quando foi realizado o ―batismo cultural‖, Goiânia já contava com mais de 15 mil habitantes.

A construção de Goiânia devolveu aos goianos a confiança em si mesmos, após um período de decadência da mineração, de isolamento e esquecimento nacional. Em vez de pensarem na grandeza do passado, começaram a pensar, a partir de então, na grandeza do futuro.

A partir de 1940, Goiás passa a crescer em ritmo acelerado também em virtude do desbravamento do Mato Grosso Goiano, da campanha nacional de ―Marcha para o Oeste‖ e da construção de Brasília.

A população do Estado se multiplicou, estimulada pela forte imigração, oriunda principalmente dos Estados do Maranhão, Bahia e Minas Gerais. A urbanização foi provocada essencialmente pelo êxodo rural. Contudo, a urbanização neste período não foi acompanhada de industrialização. A economia continuava predominantemente baseada no setor primário (agricultura e pecuária) e continuava vigente o sistema latifundiário.

Com o impulso, na década de 50 foi criado o Banco do Estado e a CELG (Centrais Elétricas de Goiás S.A). O governo Mauro Borges (1960-1964) propôs como diretriz de ação um ―Plano de Desenvolvimento Econômico de Goiás‖ abrangendo as áreas de agricultura e pecuária, transportes e comunicações, energia elétrica, educação e cultura, saúde e assistência social, levantamento de recursos naturais, turismo, etc., e criou as seguintes autarquias e paraestatais: CERNE (Consórcio de Empresas de Radiodifusão e Notícias do Estado), OSEGO (Organização de Saúde do Estado de Goiás), EFORMAGO (Escola de Formação de Operadores de Máquinas Agrícolas e Rodoviárias), CAIXEGO (Caixa Econômica do Estado de Goiás), IPASGO (Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás), SUPLAN, ESEFEGO (Escola Superior de Educação Física de Goiás), CEPAIGO (Centro Penitenciário de Atividades Industriais de Goiás), IDAGO (Instituto de Desenvolvimento Agrário de Goiás), DERGO (Departamento de Estradas de Rodagem de Goiás), DETELGO, METAGO (Metais de Goiás S/A), CASEGO, IQUEGO (Indústria Química do Estado de Goiás), entre outras.

Pós-ditadura e Redemocratização

Nos últimos 30 anos, o Estado de Goiás passou por profundas transformações políticas, econômicas e sociais. O fim da ditadura militar e o retorno da democracia para o cenário político foi representado pela eleição de Iris Rezende para governador, em 1982, com mais de um milhão de votos. Nesse campo, por sinal, Goiás sempre ofereceu quadros significativos para sua representação em nível federal, como pode ser observado no decorrer da ―Nova República‖, na qual diversos governadores acabaram eleitos senadores ou nomeados ministros de Estado.

No campo econômico, projetos de dinamização econômica ganharam forma, partindo de iniciativas voltadas para o campo, como o projeto de irrigação Rio Formoso, iniciado ainda no período militar e, hoje, no território do Tocantins, até a construção de grandes estruturas logísticas, a exemplo do Porto Seco de Anápolis e a implantação da Ferrovia Norte-Sul. É válido, ainda, o registro de estímulos especiais para produção e a instalação de grandes indústrias no estado, a exemplo dos polos farmacêutico e automobilístico.

As modificações econômicas, no entanto, deixaram os problemas sociais, que existiam no Estado, ainda mais acentuados, com o registro de um grande número de pessoas sem moradia digna e sem emprego. Essa situação mobilizou governantes e população a empreender ações concretas de forma a minimizar essas dificuldades, como programas de transferência de renda, profissionalização e moradia, além de programas de estímulos para que a população se mantivesse junto ao campo, evitando assim o êxodo rural.

Com as mudanças políticas e a maior participação popular, vinda com o advento da redemocratização da vida política nacional, houve também uma maior exigência da sociedade em relação às práticas administrativas. O governo de Goiás passou por várias ―reformas administrativas‖ e outras iniciativas nesse período, onde foram buscadas a racionalização, melhoria e moralização da administração pública.

Nesse período, também, Goiás aumentou seu destaque quanto a produção no setor cultural, seja com a eleição da cidade de Goiás como patrimônio da humanidade ou com seus talentos artísticos sendo consagrados, como Goiandira de Couto, Siron Franco e Cora Coralina.

O Césio-137 - Goiás abriga em seu passado um dos episódios mais tristes da história brasileira. No ano de 1987, alguns moradores da capital saíram em busca de sucata e encontraram uma cápsula abandonada nas ruínas do Instituto Radiológico de Goiânia. Mal sabiam eles que naquele vasilhame havia restos de um pó radioativo mortal, o Césio-137. Inconsequentemente, a cápsula foi aberta por eles e manipulada, deixando milhares de vítimas e sequelas do pó azul brilhante, lacrado hoje, junto aos destroços do maior acidente radiológico do mundo, no depósito da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen), em Abadia de Goiás.

A  criação do Distrito Federal

A construção e a inauguração de Brasília, em 1960, como capital federal, foi um dos marcos deixados na história do Brasil pelo governo Juscelino Kubitschek (1956-1960). Essa mudança, visando um projeto especifico, buscava ampliar a integração nacional, mas JK, no entanto, não foi o primeiro a propô-la, assim como Goiás nem sempre foi o lugar projetado para essa experiência.

Desejo de transferência (séc. XVIII e XIX)

As primeiras capitais do Brasil, Salvador e Rio de Janeiro, tiveram como característica fundamental o fato de serem cidades litorâneas, explicado pelo modelo de ocupação e exploração empreendido pelos portugueses anteriormente no continente africano e asiático. À medida que a importância econômica da colônia aumentava para a manutenção do reino português, as incursões para o interior se tornavam mais frequentes.

A percepção da fragilidade em ter o centro administrativo próximo ao mar, no entanto, fez que muitos intelectuais e políticos portugueses discutissem a transferência da capital da colônia – e até mesmo do império – para regiões mais interiores do território. Um dos mais importantes apoiadores desse projeto foi Sebastião José de Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, em 1751. A transferência também era uma das bandeiras de movimentos que questionavam o domínio português, como a Inconfidência Mineira, ou de personagens que, após a independência do Brasil, desejavam o fortalecimento da unidade do país e o desenvolvimento econômico das regiões interioranas, como o Triângulo Mineiro ou o Planalto Central. Com a primeira constituição republicana (1891), a mudança ganhou maior visibilidade e mais apoiadores, tanto que em seu 3o artigo havia determinação de posse pela União de 14.400 quilômetros quadrados na região central do país pra a futura instalação do Distrito Federal.

Comissão Cruls e as décadas seguintes

Depois da Proclamação da República em 1889, o país se encontrava imerso em um cenário de euforia com a mudança de regime e da crença no progresso e no futuro. Para definir o lugar onde se efetivaria a determinação da futura capital, em 1892, o presidente Floriano Peixoto criou uma comissão para concretizar esses estudos, chefiada pelo cientista Luis Cruls, de quem a expedição herdou o nome. A expedição partiu de trem do Rio de Janeiro até Uberaba (estação final da Estrada de Ferro Mogiana) e dali a pé e em lombo de animais até o Planalto Central. Com pesquisadores de diversas áreas, foi feito um levantamento amplo (topográfico, climatológico, geográfico, hidrológico, zoológico etc.) da região, mapeando-se a área compreendida pelos municípios goianos de Formosa, Planaltina e Luziânia. O relatório final permitiu que fosse definida a área onde futuramente seria implantada a capital.

Uma segunda missão de estudos foi empreendida nos locais onde a implantação de uma cidade seria conveniente dentro do quadrilátero definido anteriormente. A saída de Floriano Peixoto do governo em 1896 fez com que os trabalhos da Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil fossem interrompidos. No entanto, mesmo não contando com a existência de Goiânia, os mapas nacionais já traziam o ―quadrilátero Cruls‖ e o ―Futuro Distrito Federal‖.

Apesar do enfraquecimento do ímpeto mudancista, eventos isolados deixavam claro o interesse de que essa região recebesse a capital da federação. Em 1922, nas comemorações do centenário da Independência nacional, foi lançada a pedra fundamental próximo à cidade de Planaltina. Na década de 1940, foram retomados os estudos na região pelo governo de Dutra (1945-50) e, no segundo governo de Getúlio Vargas (1950-1954), o processo se mostrou fortalecido com o levantamento de cinco sítios para a escolha do local da nova capital. Mesmo com a morte de Vargas, o projeto avançou, mas a passos lentos, até a posse de Juscelino Kubitschek.

Governo JK - Desde seu governo como prefeito de Belo Horizonte (também projetada e implantada em 1897), Juscelino ficou conhecido pela quantidade e o ímpeto das obras que tocava, sendo chamado à época de ―prefeito-furacão‖. O projeto de Brasília entrou no plano de governo do então presidente como uma possibilidade de atender a demanda da época.

Mesmo não constando no plano original, ao ser questionado sobre seu interesse em cumprir a constituição durante um comício em Jataí-GO, Juscelino sentiu-se impelido a criar uma obra que garantisse a obtenção dos objetivos buscados pela sociedade brasileira na época: desenvolvimento e modernização do país. Entrando como a meta 31 – posteriormente sendo chamada de ―meta síntese‖ - Brasília polarizou opiniões. Em Goiás existia interesse na efetivação da transferência, apesar da oposição existente em alguns jornais, assim como no Rio de Janeiro, onde ocorria uma campanha aberta contra os defensores da ―NovaCap‖ (nome da estatal responsável por coordenar as obras de Brasília e que, por extensão, virou uma alusão a própria cidade). Com o compromisso assumido por JK em Jataí, Brasília passou a materializar-se imediatamente, mas a cada passo político ou técnico dado, uma onda de acusações era lançada contra a iniciativa.

Construída em pouco mais de 3 anos (de outubro de 1956 a abril de 1960), Brasília tornou-se símbolo do espírito da época. Goiás, por outro lado, tornou-se a base para a construção, sendo que Planaltina, Formosa, Corumbá de Goiás, Pirenópolis e, principalmente, Anápolis tiveram suas dinâmicas modificadas, econômica e socialmente.

A criação do estado de  Tocantins

Em 1988, foi aprovado pela Assembleia Nacional Constituinte o projeto de divisão territorial que criou o Estado do Tocantins. A divisão partia do desmembramento da porção norte do Estado de Goiás, desde aproximadamente o paralelo 13°, até a região do Bico do Papagaio, na divisa do Estado com o Pará e o Maranhão. No entanto, a divisão vinha sendo buscada desde o período colonial.

Período do ouro - Durante o ciclo do ouro, a cobrança de impostos diferenciada gerou insatisfação junto a muitos garimpeiros e comerciantes da região norte da província de Goiás. As reivindicações eram contra o chamado ―captação‖, imposto criado para tentar a sonegação que taxava os proprietários pela quantidade de escravos que possuíam e não pela quantidade de ouro extraída, o que onerava demais a produção do norte. Por não conseguirem pagar as quantias presumidas de imposto, esses proprietários sofriam a ―derrama‖ - imposto cobrado para complementar os débitos que os mineradores acumulavam junto à Coroa Portuguesa.

Os garimpeiros viam na província do Maranhão uma alternativa para o recolhimento de impostos menores. O governo da província goiana, com isso, temendo perder os rendimentos oriundos das minas do norte, suspende tanto a cobrança do imposto – voltando a cobrar somente o quinto – quanto a execução de dividas (a derrama), o que arrefece a insatisfação das vilas mais distantes de Vila Boa de Goiás.

A comarca do Norte - A ocupação da porção norte da província de Goiás era feita a medida em que se descobria ouro. Para estimular o desenvolvimento dessa parte da província e melhorar a ação do governo e da justiça, foi proposta a criação de uma nova comarca, a ―Comarca do Norte‖ ou ―Comarca de São João das Duas Barras‖, por Teotônio Segurado, ouvidor-geral de Goiás, em 1809.
A proposta foi aceita por D. João VI e, em 1915, Teotônio Segurado se tornou ouvidor na Vila da Palma, criada para ser a sede dessa nova Comarca. Com o retorno da Família Real para Portugal, as movimentações pela independência do Brasil e a Revolução do Porto (em Portugal), Teotônio Segurado, junto com outras lideranças declaram a separação da Comarca do Norte em relação ao sul da província, criando-se a ―Província do Norte‖. Em 1823, é pedido o reconhecimento da divisão junto à corte no Rio de Janeiro, mas esse reconhecimento foi negado, e houve a determinação para que houvesse a ―reunificação‖ do governo da província.

O padre Luiz Gonzaga Camargo Fleury ficou encarregado de desmobilizar com os grupos autonomistas, que já estavam enfraquecidos por conflitos internos desde o afastamento de Teotônio Segurado, ainda em 1821, como representante goiano junto às cortes em Portugal. Durante o período imperial, outras propostas de divisão que contemplavam de alguma forma o norte de Goiás ainda foram discutidas, como a do Visconde de Rio Branco e Adolfo Varnhagen.

O começo do século XX e a Marcha para Oeste - Com a Proclamação da República, mudam-se os nomes das unidades federativas de ―Província‖ para ―Estado‖, mas não houveram grandes alterações na delimitação de divisas. As principais alterações ocorreram no Sul do país (com o conflito do Contestado entre Santa Catarina e Paraná) e no Nordeste. Entretanto, esse cenário ganha nova dinâmica com o começo da II Grande Guerra (1939), quando surgem pressões para a criação de territórios fronteiriços (Ponta Porã, Iguaçu, Amapá, Rio Branco, Guaporé e Fernando de Noronha), para proteção contra possíveis ataques estrangeiros.

Nesse contexto, também surge um movimento pela ocupação dos vazios internos – a Marcha para Oeste – com a abertura de linhas telegráficas, pistas de pouso e construção de cidades, a exemplo de Goiânia. Apenas na década de 1950 o movimento divisionista ressurge com maior força, a partir da mobilização personagens como o Major Lysias Rodrigues e o Juiz de Direito Feliciano Braga.

É dessa época (1956) a chamada ―Carta de Porto Nacional‖ ou ―Proclamação Autonomista de Porto Nacional‖, que norteou esse esforço. Mas a oposição de lideranças políticas da região e a transferência do juiz Feliciano Braga para outra comarca, fez com que o movimento enfraquece-se..

Décadas de 1970 e 1980 - Durante o período do regime militar, as modificações na organização territorial dos estados ficaram a cargo do Governo Central, e acabaram regidas por orientações políticas. Exemplos fortes disso foram a fusão do Estado da Guanabara, pelo Rio de Janeiro (1975), e o desmembramento do Sul do Mato Grosso (1977). Nesse contexto, o deputado federal Siqueira Campos iniciou uma campanha na Câmara onde pedia a redivisão territorial da Amazônia Legal (com ênfase no norte goiano), uma vez que mesmo com investimentos de projetos como o Polocentro e Polamazônia, o norte do estado ainda tinha fraco desempenho econômico.

A campanha também foi apoiada por intelectuais, por meio do surgimento da Comissão de Estudos do Norte Goiano (Conorte), em 1981, que promoveu debates públicos sobre o assunto em Goiânia. A discussão pela divisão foi levada do nível estadual para o nível federal, onde a proposta foi rejeitada duas vezes pelo presidente José Sarney (1985), sob a alegação do Estado ser inviável economicamente.

A mobilização popular e política da região norte fizeram com que o governador eleito de Goiás, em 1986, Henrique Santillo, apoiasse a proposta de divisão, passando a ser grande articulador da questão. A efetivação dessas articulações deu-se durante a Assembleia Constituinte, que elaborou a nova Constituição Nacional, promulgada em 1988, e que contemplou a criação do Estado do Tocantins, efetivamente, a partir do dia 1o de janeiro de 1989.

A modernização da Agricultura e o processo de urbanização em Goiás

As mudanças na estrutura produtiva da região Centro-Oeste, como em uma parte considerável das áreas de cerrados no Brasil, ocorreram, primordialmente, por meio da modernização da agricultura e associação da produção agropecuária à indústria, fato que se processou tanto pelo consumo de mercadorias industrializadas no processo produtivo (consumo produtivo), quanto pelo processamento industrial dos produtos agropecuários.

A implantação do processo de modernização agrícola e pecuária nas áreas de cerrados ocorreu, sobretudo, a partir da década de 1970, apesar de que no cenário nacional já fazia parte das prioridades políticas para a agropecuária brasileira desde os anos de 1960. A modernização da agricultura enquanto um processo inerente ao sistema capitalista se caracteriza principalmente pela utilização de técnicas modernas de cultivo, marcadas pelo emprego de maquinários, insumos químicos e sementes melhoradas na produção de grãos, como a soja, destinados ao mercado externo. Com a modernização, a agricultura passou a fazer parte de uma dinâmica econômica que agrega setores a jusante e a montante da produção agrícola, tornando-se dependente da produção industrial.

Para Graziano da Silva (1982), houve, com a modernização ocorrida no campo brasileiro, um processo de ―industrialização da agricultura‖ marcado pela subornação da produção agrícola à indústria e ao capital financeiro. Esta forma de produção necessita de elevados investimentos em tecnologia, daí a demanda por financiamentos. O Estado associado aos ditames do capital internacional foi o principal agente na inserção de modernização agrícola no país, sobretudo, pela criação dos meios essenciais à expansão desse novo modelo de produção no campo.

Destaca-se no caso brasileiro a atuação estatal por meio da implantação de equipamentos técnicos como a construção de estradas de rodagens, usinas hidrelétricas e ampliação da eletrificação rural, criação de armazéns de grãos e melhoramento da capacidade estática dos já existentes; ações político- administrativas para amparar, divulgar e desenvolver os novos processos produtivos; liberação de linhas de crédito, subsídios financeiros e também, pelas políticas regionais e municipais específicas.

Ressalta-se que as mudanças processadas no campo pela modernização foram acompanhadas de outras tantas nas cidades, no conteúdo do processo de urbanização e na distribuição espacial da população. Ambas em função do novo processo produtivo instalado e das modificações nas relações de trabalho e da intensificação da concentração fundiária. Nas relações sociais de produção destacam-se como principais efeitos, entre outros: a supressão das formas não capitalistas de produção (formas de subsistência); a difusão do trabalho assalariado com baixa absorção de mão-de-obra, sobretudo, da força não especializada; a constituição de novos atores sociais, muitas vezes pela expulsão dos anteriores (trabalhadores rurais, pequenos produtores, parceiros meeiros), pois, os agentes dessa ―nova‖ forma de produção passaram a ser compostos por migrantes sulistas e paulistas com experiência na atividade bem como pelo grande produtor com potencial em conhecimento e capital para investir em empreendimentos que requerem tecnologia e trabalho técnico-científico.

Em Goiás, apesar da expansão da produção agropecuária, não produziu ampliação da geração de empregos no campo. Ocorreu o contrário, deixou de gerar empregos diretos no campo. Esta afirmação é verdadeira diante do dado que, em 1970 criava-se um emprego rural, em Goiás, por aproximadamente cada 14,2 hectares de área aberta para lavoura e pastagens, em 1985, precisavam ser abertos 23 hectares para que um único emprego fosse criado e em 1995 passou a serem necessários 35 hectares.

Destaca-se no caso brasileiro a atuação estatal por meio da implantação de equipamentos técnicos como a construção de estradas de rodagens, usinas hidrelétricas e ampliação da eletrificação rural, criação de armazéns de grãos e melhoramento da capacidade estática dos já existentes; ações político- administrativas para amparar, divulgar e desenvolver os novos processos produtivos; liberação de linhas de crédito, subsídios financeiros e também, pelas políticas regionais e municipais específicas. Ressalta-se que as mudanças processadas no campo pela modernização foram acompanhadas de outras tantas nas cidades, no conteúdo do processo de urbanização e na distribuição espacial da população.

Ambas em função do novo processo produtivo instalado e das modificações nas relações de trabalho e da intensificação da concentração fundiária. Nas relações sociais de produção destacam-se como principais efeitos, entre outros: a supressão das formas não capitalistas de produção (formas de subsistência); a difusão do trabalho assalariado com baixa absorção de mão-de-obra, sobretudo, da força não especializada; a constituição de novos atores sociais, muitas vezes pela expulsão dos anteriores (trabalhadores rurais, pequenos produtores, parceiros meeiros), pois, os agentes dessa ―nova‖ forma de produção passaram a ser compostos por migrantes sulistas e paulistas com experiência na atividade bem como pelo grande produtor com potencial em conhecimento e capital para investir em empreendimentos que requerem tecnologia e trabalho técnico-científico.

Outro dado que evidencia a baixa absorção de mão-de-obra e a expulsão de trabalhadores do campo nesse contexto, é a estrutura fundiária. Em Goiás, no período de 1975 a 1995, houve concentração da posse da terra dada pela ampliação da proporção de estabelecimentos com mais de 100 hectares e do percentual de área ocupado por estes enquanto a área ocupada pelos estabelecimentos menores de mil hectares se manteve e o percentual de estabelecimentos diminuiu, sobretudo nos estratos menores 100 hectares.

No entanto, é também inegável o papel modificador e até criador de estruturas urbanas que o processo de desenvolvimento da produção agrícola moderna desempenha, mesmo em pequenas cidades, conforme casos variados e que envolvem fatores locais específicos. Sobre esta afirmação destaca-se o exemplo do ocorrido em Mimoso, a 100 km de Barreiras, no estado da Bahia. Conforme analisou Lavinas (1987, p. 104), na década de 1980, ―a associação de interesses – pequeno capital imobiliário e o capital agroalimentar – consubstancia a essa estratégia de criação de um novo núcleo urbano com vistas à formação de um novo município dentro de alguns anos, dispondo então de uma estrutura administrativa, financeira e política própria, relativamente independente da interferência das elites tradicionais locais que compõem ainda o quadro político-institucional regional‖.

A agricultura moderna além de gerar demandas de serviços e mercadorias para o consumo produtivo, possibilita a transferência de renda do campo para a cidade, ampliando ―o consumo consuntivo‖. Isso ocorre pela renda dos trabalhadores agrícolas e dos produtores que inseridos no modo de vida urbano, consomem serviços de lazer (bares, festas, clubes), bens duráveis e investem imóveis na cidade. Esse fator expressa na paisagem das pequenas cidades com a presença de bares (locais dos encontros nos finais de semana), restaurantes, supermercados e clubes de lazer. Porém, não promove, nos pequenos centros urbanos, movimento econômico intenso capaz de atrair, por exemplo, concessionárias de automóveis, redes de revendas de eletrodomésticos, franquias e etc.

Características da população goiana

Goianos e goianienses - A composição inicial da população de Goiás se deu por meio da convivência nem tão pacífica entre os índios que aqui residiam e as levas de paulistas e portugueses que vinham em busca das riquezas minerais. Estes por sua vez, trouxeram negros africanos à tira colo para o trabalho escravista, moldando a costumeira tríade da miscigenação brasileira entre índios, negros e brancos, e todas as suas derivações. Entretanto, a formação do caráter goiano vai além dessa visão simplista e adquiriu características especiais à medida que o espaço físico do Estado passou a ser ocupado.

Até o início do século XIX, a maioria da população em Goiás era composta por negros. Os índios que habitavam o Estado ou foram dizimados pelo ímpeto colonizador ou migraram para aldeamentos oficiais. Segundo o recenseamento de 1804, o primeiro oficial, 85,9% dos goianos eram ―pardos e pretos‖ e este perfil continuou constante até a introdução das atividades agropecuárias na agenda econômica do Estado.

Havia no imaginário popular da época a ideia de sertão presente na constituição física do Estado. O termo, no entanto, remeteria a duas possibilidades distintas de significação: assim como na África, representava o vazio, isolado e atrasado, mas que por outro lado se apresentava como desafio a ser conquistado pela ocupação territorial.

Bandeira do estado de Goiás
Essa ocupação viria acompanhada predominantemente pela domesticação do sertão segundo um modelo de trabalho familiar, cujo personagem principal, o sertanejo, assumiu para si a responsabilidade da construção do país, da ocupação das fronteiras e, por seguinte, da Marcha para o Oeste impulsionadora do desenvolvimento brasileiro. Registros da época dão conta de processos migratórios ao longo do século XIX e metade do século XX, com correntes migratórias de Minas Gerais, Bahia, Maranhão e Pará, resultando em uma ampla mestiçagem na caracterização do personagem sertanejo.

O sertanejo, aí, habitante do vazio e isolado sertão, tinha uma vida social singela e pobre de acontecimentos. O calendário litúrgico e a chegada de tropas e boiadas traziam as únicas novidades pelas bocas de cristãos e mascates. Nessa época, a significação da vida estava diretamente ligada ao campo e dele resultaram, segundo as atividades registradas nos arraias, o militar, o jagunço, o funcionário público, o comerciante e o garimpeiro.

Ao longo do século XX, novas levas migratórias, dessa vez do sul e de estrangeiros começam a ser registradas no território goiano, de modo que no Censo do ano 2000, os cinco milhões de habitantes se declararam como 50,7% de brancos, 43,4% de pardos, 4,5% de negros e 0,24% de outras etnias.
Goianos e muitas goianas - O último Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010 confirmou uma população residente em Goiás de 6.003.788 habitantes, com crescimento acima da média nacional, que foi de 1,17% ao ano.

Em termos de gênero, a população feminina sai na frente. São 3.022.161 mulheres, contra 2.981.627 homens – em uma proporção de 98 homens para cada 100 mulheres. Reflexo também sentido na capital, Goiânia, com 681.144 mulheres e 620.857 homens (diferença de 60.287 pessoas).

Indígenas em Goiás

Quando os bandeirantes chegaram a Goiás, este território, que atualmente forma os Estados de Goiás e Tocantins, já era habitado por diversos grupos indígenas. Naquela época, ao verem suas terras invadidas, muitos foram os que entraram em conflito com os bandeirantes e colonos, em lutas que resultaram no massacre de milhares de indígenas, aldeamentos oficiais ou migração para outras regiões.

A maioria dos grupos que viviam em Goiás pertencia ao tronco linguístico Macro-Jê, família Jê (grupos Akuen, Kayapó, Timbira e Karajá). Outros três grupos pertenciam ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani (Avá-Canoeiro, Tapirapé e Guajajara). A ausência de documentação confiável, no entanto, dificulta precisar com exatidão a classificação linguística dos povos Goyá, Araé, Crixá e Araxá.
  • Goyá - Segundo a tradição, os Goyá foram os primeiros índios que a expedição de Bartolomeu Bueno da Silva Filho encontrou ao iniciar a exploração aurífera e foram eles, também, que indicaram o lugar – Arraial do Ferreiro – no qual Bartolomeu Bueno estabeleceu seu primeiro arranchamento. Habitavam a região da Serra Dourada, próximo a Vila Boa, e quatro décadas após o início do povoamento desapareceram daquela região. Não se sabe ao certo seu destino e nem há registros sobre seu modo de vida ou sua língua.
  • Krixá - Seus limites iam da região de Crixás até a área do rio Tesouras. Como os Goyá, também desapareceram no início da colonização do Estado e não se sabe ao certo seu destino, sua cultura e sua língua.
  • Araé - Também não há muitos registros a respeito dos Araé. Possivelmente teriam habitado a região do rio das Mortes.
  • Araxá - Habitavam o local onde se fundou a cidade de Araxá, que pertencia a Goiás e atualmente faz parte do território de Minas Gerais.
  • Kayapó - Filiados à família linguística Jê, subdividiam-se em Kayapó do Sul, ou Kayapó Meridionais, e Kayapó Setentrionais. Os Kayapó dominavam todo o sul da capitania de Goiás. Havia aldeias na região de rio Claro, na Serra dos Caiapós, em Caiapônia, no alto curso do rio Araguaia e a sudeste, próximo ao caminho de Goiás a São Paulo. Seu território estendia-se além dos limites da capitania de Goiás: a oeste, em Camapuã, no Mato Grosso do Sul; a norte, na região entre o Xingu e o Araguaia, em terras do Pará; a leste, na beira do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais; e ao sul, entre os rios Paranaíba e Pardo, em São Paulo. Dedicavam-se à horticultura, à caça e à pesca, além de serem conhecidos como povo guerreiro. Fizeram ampla resistência à invasão de suas terras e foram registrados vários conflitos entre eles e os colonos. Vítimas de perseguições e massacres, foram também extintos no Estado de Goiás.
  • Akwen - Os Akwen pertencem à família Jê e subdividem-se em Akroá, Xacriabá, Xavante e Xerente:
  • - Akroá e Xacriabá: habitavam extenso território entre a Serra Geral e o rio Tocantins, as margens do rio do Sono e terras banhadas pelo rio Manoel Alves Grande. Estabeleceram-se, também, além da Serra Geral, em solo baiano e nas ribeiras do rio São Francisco, nos distritos de Minas Gerais. Depois de vários conflitos com os colonos que se estabeleceram em suas terras, foram levados para o aldeamento oficial de São Francisco Xavier do Duro, construído em 1750. Os Akroá foram dizimados mais tarde e os Xacriabá encontram-se atualmente em Minas Gerais, sob os cuidados da Funai.
  • - Xavante: Seu território compreendia regiões do alto e médio rio Tocantins e médio rio Araguaia. Tinham suas aldeias distribuídas nas margens do Tocantins, desde Porto Imperial até depois de Carolina, e a leste, de Porto Imperial até a Serra Geral, limites das províncias de Goiás (antes da divisão) e Maranhão. Havia também aldeias na bacia do rio Araguaia, na região do rio Tesouras, nos distritos de Crixás e Pilar, e na margem direita do rio Araguaia. Na primeira metade do século XIX entraram em conflito com as frentes agropastoris que invadiam seus territórios e, após intensas guerras, migraram para o Mato Grosso, na região do rio das Mortes, onde vivem atualmente.
  • - Xerente: Este grupo possuía costumes e língua semelhante aos Xavantes e há pesquisadores que acreditam que os Xerentes são uma subdivisão do grupo Xavante. Os Xerentes habitavam os territórios da margem direita do rio Tocantins, ao norte, no território banhado pelo rio Manoel Alves Grande, e ao sul, nas margens dos rios do Sono e Balsas. Também viviam nas proximidades de Lageado, no rio Tocantins, e no sertão do Duro, nas proximidades dos distritos de Natividade, Porto Imperial e Serra Geral. Seus domínios alcançavam as terras do Maranhão, na região de Carolina até Pastos Bons.
  • Como os Xavante, também entraram em intenso conflito com as frentes agropastoris do século XIX e, atualmente, os Xerente vivem no Estado de Tocantins.
  • - Karajá - Os grupos indígenas Karajá, Javaé e Xambioá pertencem ao tronco linguístico Macro-Jê, família Karajá, compartilhando a mesma língua e cultura. Viviam nas margens do rio Araguaia, próximo à Ilha do Bananal. Ao longo do século XIX, entraram em conflito com as guarnições militares sediadas no presídio de Santa Maria, sendo que os Karajá de Aruanã são a única aldeia do grupo que atualmente vivem no Estado de Goiás.
  • - Timbira - Eram bastante numerosos e habitavam uma vasta região entre a Caatinga do Nordeste e o Cerrado, abrangendo o sul do Maranhão e o norte de Goiás. Ao longo do século XIX, devido à expansão pecuária, entraram em conflitos com os criadores de gado que invadiam suas terras. O grupo Timbira é formado pelas etnias Krahô, Apinajé, Gavião, Canela, Afotogés, Corretis, Otogés, Porecramecrãs, Macamecrãs e Temembus.
  • - Tapirapés - Pertencem ao tronco linguístico Tupi, família Tupi-Guarani. Este grupo inicialmente habitava a oeste do rio Araguaia e eventualmente frequentavam a ilha do Bananal. Com o passar do tempo, se estabeleceram ao longo do rio Tapirapés, onde atualmente ainda vivem os remanescentes do grupo.
  • - Avá-Canoeiro - Pertencentes ao tronco linguístico Tupi, os Avá-Canoeiro habitavam as margens e ilhas dos rios Maranhão e Tocantins, desde Uruaçu até a cidade de Peixe, em Tocantins. Entre meados do século XVIII e ao longo do século XIX, entraram em graves conflitos com as frentes agropastoris que invadiam suas terras. Atualmente, os Avá-Canoeiro do Araguaia vivem na Ilha do Bananal, na aldeia Canoanã, dos índios Javaés, e os Avá-Canoeiro do Tocantins vivem na Serra da Mesa, município de Minaçu.

Quilombolas

Ligados diretamente à história da ocupação do território brasileiro, os quilombos surgiram a partir do início do ciclo da mineração no Brasil, quando a mão de obra escrava negra passou a ser utilizada nas minas, especialmente de ouro, espalhadas pelo interior do Brasil. Em Goiás, esse processo teve início com a chegada de Bartolomeu Bueno da Silva, em 1722, nas minas dos Goyazes. Segundo relatos dos antigos quilombolas, o trabalho na mineração era difícil e a condição de escravidão na qual viviam tornavam a vida ainda mais dura. As fugas eram constantes e àqueles recapturados restavam castigos muito severos, o que impelia-os a procurar refúgios em lugares cada vez mais isolados, dando origem aos quilombolos.

Os Kalungas são os maiores representantes desses grupos em Goiás. Na língua banto, a palavra kalunga significa lugar sagrado, de proteção, e foi nesse refúgio, localizado no norte da Chapada dos Veadeiros, que os descendentes desses escravos se refugiaram passando a viver em relativo isolamento. Com identidade e cultura próprias, os quilombolas construíram sua tradição em uma mistura de elementos africanos, europeus e forte presença do catolicismo tradicional do meio rural.
A área ocupada pela comunidade Kalunga foi reconhecida pelo Governo do Estado de Goiás, desde 1991, como sítio histórico que abriga o Patrimônio Cultural Kalunga. Com mais de 230 mil hectares de Cerrado protegido, abriga cerca de quatro mil pessoas em um território que estende pelos municípios de Cavalcante, Monte Alegre e Teresina de Goiás. Seu patrimônio cultural celebra festas santas repletas de rituais cerimoniosos, como a Festa do Império e o Levantamento do mastro, que atraem turistas todos os anos para a região.

Quilombolos registrados em Goiás

  • Acaba Vida: na mesma região de Niquelândia, ocupavam terras férteis e era conhecido localmente, sendo citado em 1879.
  • Ambrósio: existiu na região do Triângulo Mineiro, que, até 1816, pertencia a Goiás. Teve mais de mil moradores e foi destruído por massacre.
  • Cedro: localizado no atual município de Mineiros, tinha cerca de 250 moradores que praticam a agricultura de subsistência. Sobreviveu até hoje.
  • Forte: localizado no nordeste de Goiás, sobreviveu até hoje, tornando-se povoado do município de São João d'Aliança.
  • Kalunga: localizado no Vão do Paranã, no nordeste de Goiás, existe há 250 anos, tendo sido descoberto pela sociedade nacional somente em fins do anos 1960. Tem 5 mil habitantes, distribuídos em vários núcleos na mesma região.
  • Mesquita: próximo à atual cidade de Luziânia, estendia sua população para diversas localidades no seu entorno.
  • Muquém: próximo à atual cidade de Niquelândia e junto ao povoado de mesmo nome, foi notório, mas deixou poucas informações a seu respeito.
  • Papuã: na mesma região do Muquém, foi descoberto em 1741 e destruído anos depois pelos colonizadores.
  • Pilar: próximo à cidade de mesmo nome, foi destruído em lutas. Seus 300 integrantes chegaram a planejar a morte de todos os brancos do local, mas o plano foi descoberto antes.
  • Tesouras: no arraial de mesmo nome, tinha até atividades de mineração e um córrego inclusive chamado Quilombo.
  • Três Barras: tinha 60 integrantes, conhecidos pelos insultos e provocações aos viajantes.
  • São Gonçalo: próxima à cidade de Goiás, então capital, seus integrantes atacavam roças e rebanhos das fazendas vizinhas.

As bandeiras e a exploração do ouro em Goiás

Com o movimento das Bandeiras acentuado no século XVIII, a região do interior do Brasil, mais conhecido como Sertão ou Hinterland, passou a ser ocupada pelos bandeirantes. As Bandeiras tinham como principais objetivos tanto a procura de povos indígenas para escravizar quanto a busca por metais preciosos (ouro, prata).

Na década de 1690 os Bandeirantes conseguiram encontrar ouro na região que posteriormente foi chamada de Minas Gerais, outra localidade onde o ouro foi explorado, no ano de 1719, foi no povoado de Cuiabá (capital do atual Mato Grosso), sendo assim, os Bandeirantes logo pensaram no território que se encontrava entre Minas Gerais e Cuiabá (futuro Goiás). Os Bandeirantes também conseguiram encontrar e explorar esse valioso metal preciso na região entre as duas minas de ouro.

No ano de 1682, o sertanista (bandeirante) Bartolomeu Bueno organizou uma Bandeira rumo ao sertão brasileiro; com seu filho de 12 anos de idade rompeu mato adentro e chegou ao interior do Brasil. Com a morte de Bartolomeu Bueno (tanto a data quanto os motivos da morte do bandeirante são imprecisos), seu filho Bartolomeu Bueno da Silva tentou refazer a expedição de seu pai cerca de 40 anos depois, em 1722. O Anhanguera, como ficou conhecido Bartolomeu Bueno da Silva, conseguiu encontrar e explorar ouro nas margens do Rio Vermelho em 1725. Primeiramente fundou o povoado da Barra e depois o Arraial de Sant’Anna, com a grande quantidade de ouro que foi extraído das minas, o Arraial, por sua importância econômica para a Coroa Portuguesa, foi elevado à categoria de Vila, e em meados de 1750 foi denominado de Vila Boa de Goiás.

Até o ano de 1749, Goiás não existia, o território pertencia à capitania de São Paulo, somente a partir
dessa data que surgiu a capitania de Goiás. Os principais povoados e arraiais surgiram no momento da mineração, no século XVII, constituíam-se de núcleos urbanos instáveis e irregulares, o primeiro governante enviado à nova capitania foi Dom Marcos de Noronha (Conde dos Arcos).

A mineração em Goiás teve o seu ápice em 1750, de 1751 a 1770 a extração e exploração do ouro foi diminuindo drasticamente, do ano de 1770 adiante a mineração entrou em decadência, o que provocou o abandono de muitos povoados goianos.

O movimento de Independência do Brasil no século XIX não alterou o quadro social e econômico de Goiás, alguns grupos oligárquicos se destacaram durante o período imperial e permaneceram no poder até as primeiras décadas do século XX, como os Bulhões, os Fleury e os Caiado. No ano de 1818, por carta régia de Dom João VI, a Vila tornou-se Cidade de Goiás.

Após a Mineração, a economia goiana no século XVIII e XIX passou a se dedicar mais às atividades ligadas à pecuária e agricultura. No século XX, Goiás desenvolveu a agricultura como principal atividade econômica. Porém, durante as três primeiras décadas desse século Goiás continuou atrelado à política oligárquica da Primeira República.

A Abolição da escravidão, em 1888, não alterou as condições de trabalho e de moradia dos escravos que viviam em Goiás. Aliás, a população de Goiás era constituída por uma maioria negra e uma minoria branca.

No século XX, a oligarquia dos Caiado tomou o poder político do Estado até a Revolução de 1930. Getúlio Vargas, que havia instalado a Revolução, monopolizou o poder e nomeou o interventor Pedro Ludovico Teixeira, que fazia oposição aos Caiado.

Um dos primeiros atos políticos de Pedro Ludovico foi executar a política de transferência da capital. Primeiro realizou um levantamento para escolha do local onde seria construída a nova capital, a região escolhida era próxima à cidade de Campinas (Campininha das Flores). Depois iniciou as obras da construção da nova capital, Goiânia, em 1933. A capital foi transferida por decreto no ano de 1937, selando o fim de mais de 200 anos da Cidade de Goiás como capital do Estado.

Economia de Goiás

Localizado na região Centro-Oeste, na qual a atividade agropecuária tem grande destaque, Goiás apresenta extensas áreas de pastagens e lavouras. Quase metade do território goiano é formada por latifúndios rurais, ou seja, propriedades com mais de mil hectares.
  • Em 2008, a contribuição de Goiás para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,5% e, no âmbito regional, sua participação foi de 27,6%.
  • A composição do PIB goiano é a seguinte: Agropecuária: 11%
  • Indústria: 27%
  • Serviços: 62%

A agropecuária goiana tem grande importância no cenário econômico nacional, uma vez que sua produção de carnes e grãos impulsiona a exportação estadual.

Goiás é um dos maiores produtores de tomate, milho e soja do Brasil. Responsável por 33% da produção nacional de sorgo, Goiás é o principal produtor desse grão no país. Outros cultivos importantes são: algodão, cana-de-açúcar, café, arroz, feijão, trigo e alho.

A pecuária, por sua vez, está em constante expansão. O estado possui, atualmente, o terceiro maior rebanho bovino do país. O aspecto negativo com relação à agropecuária é que ela é a principal atividade responsável pela destruição do bioma Cerrado, visto que desencadeia constantes desmatamentos e degradação do solo.

Goiás também possui reservas minerais. Entre essas, destacam-se os municípios de Minaçu (extração de amianto), Niquelândia e Barro Alto (níquel), além de Catalão (fosfato).

A indústria goiana é responsável por 27% do PIB regional, esse setor da economia vem se diversificando constantemente. A cidade de Goiânia, capital do estado, abriga boa parte dos complexos industriais. Outras cidades que se destacam são: Aparecida de Goiânia, Anápolis, Catalão, Rio Verde e Itumbiara.

O Distrito Agroindustrial de Anápolis (DAIA) possui o maior polo farmoquímico da América Latina, abrigando também, indústrias alimentícias, automobilísticas, têxteis, além de possuir o único porto seco brasileiro.

O turismo é outra atividade de fundamental importância para a economia goiana. As cidades de Caldas Novas e Rio Quente, principais estâncias hidrotermais do país, atraem milhares de visitantes. O turismo histórico é cultuado na Cidade de Goiás (Goiás Velho), Corumbá e Pirenópolis. Na região da Chapada dos Veadeiros e do Rio Araguaia, o turismo ecológico é proporcionado.

Dados referentes à exportação e importação de Goiás: Exportações – 4,1 bilhões de dólares:
  • Soja: 27%
  • Carne bovina: 16%
  • Resíduos da extração do óleo de soja: 12% Sulfeto de cobre: 12%
  • Carne de aves: 7%
  • Ferro-nióbio: 3%
  • Milho em grãos: 3%
  • Outros: 20%.
  • Importações – 3 bilhões de dólares: Carros e peças: 37%
  • Adubos e fertilizantes: 20% Produtos farmacêuticos: 12% Máquinas e equipamentos: 8% Enxofre: 3%
  • Outros: 20%.

Setores de Negócios em Goiás

Goiás está entre as dez maiores economias brasileiras. Seu PIB de R$ 75,275 bilhões representa 2,48% do PIB nacional e a renda per capita registrada é de R$ 12.979. Números que podem ainda parecer pequenos se comparados a outros estados industrialmente mais ativos, mas que, no entanto, representam crescimento superior à média brasileira. Nos últimos dez anos a economia goiana tem se diversificado de tal maneira que foi registrado salto de 56,42%, superior à média nacional de 42,85% no mesmo período.

O setor de serviços ainda é predominante no Estado, representado por 60,95% da produção de riquezas. Incluem-se aí o comércio, tanto varejista como atacadista, além das atividades imobiliárias – em alta com a expansão vertical registrada na capital, Goiânia. O setor industrial, por outro lado, participa do PIB goiano em 26,21%, enquanto o agropecuário, de grande importância para a economia de Goiás, aparece com 12,84%.

O agronegócio, por sinal, tem peso de destaque no cenário goiano, por subsidiar grande parte da agroindústria no Estado, em especial no mercado de carnes, derivados do leite e de soja, molhos e condimentos, além da produção sucroalcooleira. O Estado é o quarto produtor nacional de grãos, com produção de 13,6 milhões de toneladas, algo como 9% da produção do país, diversificada em itens como soja, algodão, sorgo, milho, cana-de-açúcar, feijão, tomate, entre outros. A pecuária, por outro lado, posiciona o Estado entre os maiores produtores do país. Destaque para o rebanho bovino, 4o no ranking brasileiro. A avicultura também é destaque com a instalação de grandes aviários, e incremento do efetivo em 34,5% nos últimos cinco anos.

Indústria e comércio de Goiás

A indústria goiana também se encontra em um momento ímpar, com a expansão da produção industrial e a atração de novos investimentos para o Estado. O setor de químicos, segundo levantamento do IBGE, puxado pela maior produção de medicamentos tem sido determinante nesse caso. Além disso, há o registro significativo do aumento da produção de etanol, segundo a demanda da produção de carros flex no país, que tem levado o Estado diretamente ao ranking produtor nacional como um dos líderes no segmento. Em 2010 foram 2,9 bilhões de litros de combustível produzidos e 1,8 milhão de toneladas de açúcar em contrapartida. Paralelo a isso, a recuperação do segmento de alimentos e bebidas tem representado bons rendimentos, agregando à geração de empregos da indústria de transformação.

A geração de empregos, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego, merece destaque, também, uma vez que entre janeiro e julho de 2011 foram gerados 83.801 novas colocações com registro na carteira. Foi a melhor de toda a média histórica do Caged para o período, representando um acréscimo de 8,34% em relação ao mesmo período do ano anterior e o segundo maior crescimento do país, atrás apenas do Estado do Amazonas (8,77%), sendo que o acréscimo nacional foi de apenas 4,43%.

O reflexo direto disso é a melhoria significativa da renda da população, que tem a sua disposição maior crédito, fator determinante nas decisões de consumo. O mercado em contrapartida se torna mais dinâmico, em virtude do efeito multiplicador do capital sobre a economia. Neste quadro, o comércio varejista goiano cresce junto à economia, sendo registrado, inclusive, crescimento acima da média nacional. Destaque para o desempenho dos setores de livros, jornais, revistas e papelaria, tecidos e vestuário, além do crescimento do segmento de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo.

Infraestrutura de transporte

O Estado de Goiás é dotado de extensa infraestrutura de portos, rodovias e ferrovias. Sua extensa malha rodoviária se estende por 24.970 quilômetros de rodovias (52% pavimentadas) ligando os 246 municípios abrigados sob sua tutela. Segundo a Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), desse total, 4.505 são trechos de rodovias federais, 18.725 de estradas estaduais e 1.739 estaduais coincidentes.

O  Estado dispõe, também, de 685 quilômetros da Ferrovia Centro-Atlântica, que atende a região Sudeste do Estado e o Distrito Federal, e também abriga boa parte da Ferrovia Norte-Sul, ainda em construção, que prevê 1.200 quilômetros de percurso em território goiano.

O Estado está incluído, ainda, no projeto da Ferrovia de Integração Centro-Oeste, primeira parte do projeto da Ferrovia Transcontinental de 4.400 quilômetros de extensão que ligará o litoral fluminense à fronteira Brasil-Peru. Em solo goiano, a mega ferrovia terá cerca de 210 quilômetros passando pelos municípios de Nova Iguaçu de Goiás, Pilar de Goiás, Santa Terezinha de Goiás, Crixás e Nova Crixás até alcançar a fronteira com Mato Grosso.

São Simão - O Estado está incluído, ainda, na hidrovia Paraíba-Tietê-Paraná, por meio do Complexo Portuário de São Simão que tem capacidade de armazenagem de 89 mil toneladas e capacidade operacional total de 2.100 toneladas por hora. O porto atua no escoamento de parte da produção goiana de grãos, levada até Perdeneiras ou Anhembi, em São Paulo, de onde é transferida para vagões que seguem para o Porto de Santos. Além de importante polo econômico do Estado, o lago de São Simão é uma atração à parte no turismo náutico do Estado, atraindo importantes investimentos de infraestrutura por seu apelo paisagístico e suas águas cristalinas, de extensão duas vezes maior que a Baía de Guanabara.

Inovação e desenvolvimento regional

Goiás investe forte em tecnologia. Por meio de seus agentes econômicos, políticos e sociais, o Estado atua em diferentes frentes para promover, além do desenvolvimento tecnológico e científico, a qualificação e especialização da sua mão de obra. Em suas maiores frentes de trabalho, o governo aposta em especial nos trabalhos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg) e da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado de Goiás (Sectec) no sentido de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico e cultural de Goiás.

Hoje, o Estado conta com mais de 400 Redes de Pesquisas associadas à Fapeg nas áreas de Qualidade de Vida; Conhecimento e Expressão Humana; Infraestrutura e Processos Produtivos; Desafios Estratégicos e Políticas Públicas; Agronegócios, Desenvolvimento Rural e Fundiário; e Pesquisa Inicial e Fundamental, definidas na agência goiana de fomento à pesquisa. Por outro lado, a Sectec investe pesado em programas específicos fundamentados pela secretaria, em especial a contribuição à Rede Nacional do Projeto Genoma Brasileiro, ao Projeto de Qualidade na Cadeia de Fármacos, Programa Goiás Biodiesel e Projeto Mineração.

Desenvolvimento regional - O Estado aposta, também, no desenvolvimento de Arranjos Produtivos Locais (APLs) que fazem uso do planejamento regional para promover a cooperação entre capacidade produtiva local, instituição de pesquisa, agentes de desenvolvimento, poderes federal, estadual e municipal com vistas à dinamização dos processos locais de inovação. Atualmente, existem 52 APLs distribuídos em 149 municípios do Estado de Goiás, sendo 22 APLs já consolidados e 30 em formação. A maioria (55%) se concentra no setor de agronegócio, seguidos pelas áreas de vestuário (17%) e mineral (6%).

Desigualdade regional em Goiás

Um estudo revela uma nítida linha divisória separando o sul do norte do estado em termos de desenvolvimento. Acima da linha divisória estão as regiões Centro Goiano, Norte Goiano, Nordeste Goiano, Entorno do Distrito Federal, Oeste Goiano e Noroeste Goianos apresentando a maioria dos seus municípios com o IDE abaixo da média estadual. Esses municípios - 110 do total dos 157 - possuem população de 1.310.830 habitantes (25,6% do total do estado), sendo 82 com população abaixo de 10.000 habitantes, 22 entre 10.000 e 50.000 e 6 acima de 50.000 (Santo Antônio do Descoberto, Planaltina, Novo Gama, Formosa, Valparaíso de Goiás e Águas Lindas de Goiás, todos do Entorno do Distrito Federal). Esses municípios consomem 10,7% da energia comercial do estado e 4,0% da energia industrial. Contam com 17,7% dos estabelecimentos comerciais do estado e 14,6% dos industriais. A mão-de-obra formal representa 6,8% do total de trabalhadores formais do estado, sendo de 59,1% a escolaridade até o ensino fundamental e 4,9% a com ensino superior. A soma do PIB municipal desses 110 municípios totaliza R$ 3,4 bilhões, 13,6% do PIB estadual.

Contrapondo a esse panorama, as regiões do sul do estado – Metropolitana de Goiânia, Sudeste Goiano, Sul Goiano e Sudoeste Goiano – apresentaram a maioria dos municípios com IDE acima da média estadual, 55 do total de 89. Traçando um comparativo com os 110 municípios acima da linha divisória percebe-se uma gama de características que os distinguem. A população desses 55 municípios corresponde a 2.445.622 habitantes (47,8% da população do estado), sendo 27 com população abaixo de 10.000 habitantes, 21 entre 10.000 e 50.000, 4 entre 50.000 e 100.000 e 3 acima de 100.000 (Rio Verde, Aparecida de Goiânia e Goiânia). O setor comercial concentra 60,3% dos estabelecimentos do estado, enquanto o setor industrial 60,5%. O setor industrial consome 55,5% de toda a energia industrial do estado, e o setor comercial 72,6. Cerca de 72,7% de toda a mão-de-obra formal no estado estão presentes nesses 55 municípios, sendo que 50,6% têm escolaridade até o ensino fundamental e 13,9% possuem ensino superior. O PIB desses municípios soma R$ 14,9 bilhões, 59,5% do total do PIB dos municípios goianos.

Utilizando-se ainda da linha imaginária para a análise do IDS e fazendo o mesmo paralelo comparativo, tem-se uma distância menor entre os municípios (Mapa 2). Ao todo são seis regiões com IDS médio acima da média estadual – as regiões com melhor IDE e também as regiões Oeste Goiano e Noroeste Goiano.

Os municípios com baixo desenvolvimento social localizados nas regiões com IDS médio abaixo da média estadual – Centro Goiano, Norte Goiano, Nordeste Goiano e Entorno do Distrito Federal – totalizam 78 do total de 98. Eles são 52 com população menor que 10.000 habitantes, 20 entre 10.000 e 50.000, 4 entre 50.000 e 100.000 e 2 acima de 100.000 (Águas Lindas de Goiás e Luziânia). Concentram 23,8% da população do estado - 1.217.894 habitantes. Cerca de 94,9% dos municípios não possuem rede de esgoto e a cobertura média de água tratada está em torno de 80% da população. Nesses municípios estão presentes cerca de 9,6% da mão-de-obra formal do estado, sendo que 89,6% recebem até 4 salários mínimos. As escolas com infraestrutura de laboratório de informática e biblioteca somam 6,5% e 17,2% respectivamente do total de 1.573 escolas das redes pública e privada. No ensino fundamental, o total de professores com ensino médio corresponde a 77,8% e com curso superior 13,8%. No ensino médio são 57,3% dos professores com ensino médio e 42,7% com curso superior.

Nos municípios com melhor desenvolvimento social situados nas regiões de IDS médio acima da média estadual estão presentes cerca de 2.819.784 habitantes (55,1% da população estadual). Estratificando a população dos 94 municípios, verifica-se que 58 possuem população abaixo de 10.000 habitantes, 28 entre 10.000 e 50.000, 5 entre 50.000 e 100.000 e 3 acima de 100.000 (Rio Verde, Aparecida de Goiânia e Goiânia). Do total de 2.417 escolas, cerca de 16,2% possuem laboratório de informática e 38,8% possuem biblioteca. Os professores que atuam no ensino fundamental com formação de curso superior representam 46,8% e com formação de ensino médio 50,8%. No ensino médio, os professores com formação de curso superior atingem 71,0% e com formação apenas de ensino médio essa proporção é de 28,8%. O percentual de municípios que apresentam rede de esgoto atinge 22,3% e a cobertura média da população com água tratada chega a 86,6%. A quantidade de mão-de-obra formal – cerca de 561.838 trabalhadores – representa 77,9% de toda a mão-de-obra formal do estado, sendo que 77,4% percebem remuneração até 4 salários mínimos.

Um fator que deve ser considerado é que mesmo nas regiões mais desenvolvidas, há municípios que possuem um perfil mais semelhante ao das regiões menos desenvolvidas, o que implica que muitas políticas que são adequadas às regiões menos desenvolvidas também são válidas para estes. Um caso típico é Senador Canedo, que apesar de sua alta arrecadação de ICMS, ocasionada pela substituição tributária, apresenta indicadores econômicos e sociais abaixo da média estadual.

É certo que de 2001 para cá, muitas ações vêm sendo executadas no sentido de corrigir distorções e melhorar as condições dos municípios e das populações desfavorecidas. Entretanto, deve-se ter em mente que apenas com políticas compensatórias não se pode promover desenvolvimento. Ademais, o desenvolvimento deve ser encarado como um processo complexo de mudanças e transformações de ordem econômica, política e social. Subestimar essa complexidade e as implicações desse processo significa condenar a política em seu nascedouro.

Aspectos físicos de Goiás

Centralizado no coração do território brasileiro, o Estado de Goiás apresenta vasta diversidade de paisagens e nuances que o tornam único. Em seu solo estão as bases do desenvolvimento, explicado em parte pela distribuição mineral, requisito do desenvolvimento extrativista, e mais além pela caracterização do principal bioma que o compõe, o Cerrado. O clima, nesse sentido é propício ao desenvolvimento, visto pela alternância entre quente e úmido ou frio e seco, e suas águas abrigam a centelha das principais bacias hidrográficas que alimentam a agricultura e propiciam o desenvolvimento econômico de boa parte do país.

Clima de Goiás

O clima goiano é predominantemente tropical, com a divisão marcante de duas estações bem definidas durante o ano: verão úmido, nos meses de dezembro a março, e inverno seco, predominante no período de junho a agosto. De acordo com o Sistema de Meteorologia e Hidrologia da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Simehgo/Sectec), a temperatura média varia entre 18oC e 26oC, com amplitude térmica significativa, variando segundo o regime dominante no Planalto Central.

Estações - No mês de setembro, com o início da primavera, as chuvas passam a ser mais intensas e frequentes, marcando o período de transição entre as duas estações protagonistas. As pancadas de chuva, no final da tarde ou noite, ocorrem em decorrência do aumento do calor e da umidade que se intensificam e que podem ocasionar raios, ventos fortes e queda de granizo.

No verão, coincidente a alta temporada de férias no Brasil, há a ocorrência de dias mais longos e mudanças rápidas nas condições diárias do tempo, com chuvas de curta duração e forte intensidade, acompanhadas de trovoadas e rajadas de vento. Há ainda o registro de veranicos com períodos de estiagem com duração de 7 a 15 dias. Há registros do índice pluviométrico oscilando entre 1.200 e 2.500 mm entre os meses de setembro a abril.

No outono, assim como na primavera, há o registro de transição entre estações o que representa mudanças rápidas nas condições de tempo com redução do período chuvoso. As temperaturas tornam- se mais amenas devido à entrada de massas de ar frio, com temperaturas mínimas variando entre 12oC e 18oC e máximas de 18oC e 28oC. A umidade relativa do ar é alta com valores alcançando até 98%.

Já o inverno traz o clima tipicamente seco do Cerrado, com baixos teores de umidade, chegando a valores extremos e níveis de alerta em algumas partes do Estado. Há o registro da entrada de algumas massas de ar frio que, dependendo da sua trajetória e intensidade, provocam quedas acentuadas de temperatura, especialmente à noite, apesar dos dias serem quentes, propícios à alta temporada de férias no Rio Araguaia.

Hidrografia de Goiás

Engana-se quem pensa que as características de vegetação de savana, típicas do Cerrado, são reflexos de escassez de água na região. Pelo contrário, Goiás é rico em recursos hídricos, sendo considerado um dos mais peculiares e abundantes Estados brasileiros quanto à hidrografia. Graças ao seu histórico geológico constituído durante milhões de anos, foram depositadas várias rochas sedimentares, entre elas o arenito de alta porosidade e alta permeabilidade, que permitiram a formação de grandes cursos d’água e o depósito de parte de grandes aquíferos, como o Bambuí, o Urucuia e o Guarani, este último um dos maiores do mundo, com área total de até 1,4 milhão de km2.

Centro das águas - Nascem, em Goiás, rios formadores das três mais importantes bacias hidrográficas do país. Todos os cursos d’água no sentido Sul-Norte, por exemplo, são coletados pela Bacia Amazônica, dos quais destacam-se os rios Maranhão, Almas e Paraná que dão origem ao Rio Tocantins, mais importante afluente econômico do Rio Amazonas. No mesmo sentido, corre o Rio Araguaia, de importância ímpar na vida do goiano e que divide Goiás com os Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, chegando em Tocantins ao encontro do outro curso que leva o nome daquele Estado, no Bico do Papagaio.

A Bacia do Rio São Francisco tem entre seus representantes os rios Entreribeiro, Paracatu e Preto, os quais nascem próximos ao Distrito Federal e seguem em direção ao Nordeste do país. Enquanto que, por outro lado, corre o rio Corumbá, afluente do Paranaíba, formador da Bacia do Paraná que segue rumo ao Sul, pontilhado dentro de Goiás por hidrelétricas, o que denota seu potencial energético para o Estado.

Serra da Mesa - Em Goiás também está localizado o lago artificial da Usina de Serra da Mesa, no Noroeste do Estado. Considerado o quinto maior lago do Brasil (1.784 km2 de área inundada), é o primeiro em volume de água (54,4 bilhões de m3) e, formado pelos rios Tocantins, Traíras e Maranhão, atrai importantes atrativos turísticos para a região, com a realização de torneios esportivos e de pesca, além da geração de energia elétrica.

Relevo

Goiás está situado sobre o Planalto Central Brasileiro e abriga em suas terras um mosaico de formações rochosas distintas quanto à idade e à composição. Resultado de um processo de milhões de anos da evolução de seus substratos, o solo goiano foi favorecido com a distribuição de regiões planas, o que favoreceu a ocupação do território, além da acumulação de metais básicos e de ouro, bem como gemas (esmeraldas, ametistas e diamantes, entre outros) e metais diversos, que contribuíram para a exploração mineral propulsora da colonização e do desenvolvimento dos núcleos urbanos na primeira metade do século XVIII.

O processo de formação do relevo e de decomposição de rochas explica, ainda, a formação de solos de fertilidade natural baixa e média (latossolos) predominantes na maior parte do Estado, e de solos podzólicos vermelho-amarelo, terra roxa estruturada, brunizém avermelhado e latossolo roxo, que apresentam alta fertilidade e se concentram nas regiões Sul e Sudoeste do Estado, além do Mato Grosso Goiano. A distribuição de ligeiras ondulações e o relevo esculpido entre rochas salientaram ainda a caracterização do curso de rios, formadores de aquíferos importantes das bacias hidrográficas sul-americanas e que fazem do Estado um dos mais abundantes em recursos hídricos. Associados a esses processos, a vegetação rala do Cerrado também contribui para o processo de erosão e da formação de grutas, cavernas e cachoeiras, que associadas às chapadas e poucas serras presentes no Estado, configuram opções de lazer e turismo da região.

Potencial Mineral do Estado de Goiás: Água mineral, Água termal, Areia e Cascalho, Argila, Ametista, Amianto, Basalto, Berilo, Calcário Agrícola, Calcário Dolomítico, Cobre, Ouro e Prata, Diamante industrial, Esmeralda, Filito, Fosfato, Gnaisse, Granito, Granodiorito, Granulito, Manganês, Mecaxisto, Níquel e Cobalto, Quartzito, Titânio, Vermiculita, Xisto.

Dados populacionais de Goiás

Goiás é uma das unidades federativas que integram a região Centro-Oeste. Sua extensão territorial é de 340.103,467 quilômetros quadrados, correspondendo a 4% do território nacional. Conforme contagem populacional realizada em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sua população totaliza 6.003.788 habitantes, distribuídos em 246 municípios, sendo o estado mais populoso do Centro-Oeste. O crescimento demográfico é de 1,8% ao ano e a densidade demográfica é de 17,6 habitantes por quilômetro quadrado.

O povoamento do estado de Goiás intensificou-se em decorrência de uma série de políticas públicas para a ocupação e desenvolvimento econômico da porção oeste do território brasileiro, a chamada Marcha para o Oeste. Houve a expansão da fronteira agrícola e maiores investimentos em infraestrutura no estado, além da construção da nova capital, Goiânia, e da capital Federal, Brasília. Fatos estes que desencadearam grandes fluxos migratórios para Goiás.

Como resultado dessa política de incentivo à ocupação do oeste brasileiro, a população de Goiás teve um aumento significativo, principalmente após o ano de 1950. Neste, segundo dados do IBGE, havia 1.010.880 habitantes no estado, população essa que atingiu, conforme dados do mesmo instituto, 6.003.788 habitantes em 2015.

Além do crescimento demográfico da população goiana, sendo que pessoas de vários locais do país foram grandes responsáveis por tal ocorrência. Segundo dados do IBGE, aproximadamente 25% da população de Goiás é composta por imigrantes, vindos principalmente, dos estados de Minas Gerais, São Paulo, Maranhão, Bahia, Piauí, como também do Distrito Federal.

A composição étnica da população goiana é a seguinte: Pardos: 50,9%.

Brancos: 43,6%.

Negros: 5,3%

Indígenas: 0,2%.

Goiânia, a capital de Goiás, é a cidade mais populosa do estado, sua extensão territorial é de aproximadamente 733 quilômetros quadrados, e possui 1.302.001 habitantes. Outras cidades populosas do estado são: Aparecida de Goiânia (455.657), Anápolis (334.613), Rio Verde (176.424), Luziânia (174.531), Águas Lindas de Goiás (159.378), Valparaíso de Goiás (132.982), Trindade (104.488), Formosa (100.085), Itumbiara (92.883).

A expectativa de vida da população goiana é de 72 anos;

A taxa de mortalidade infantil é de 18,3 óbitos a cada mil nascidos vivos.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) estadual é de 0,800, ocupando o 9° lugar no ranking
nacional e o analfabetismo atinge 8,6% da população.

No que se refere à rede de esgoto, a mesma alcança menos da metade das habitações.

O estado de Goiás no contexto econômico

No período de 1930-45, segundo Estevam (2004), a região Centro-Oeste atraiu fluxos expressivos de trabalhadores, sobretudo de Minas Gerais, devido às facilidades de se obter terras. Em Goiás, a população que até então estava com maior representatividade em municípios situados ao longo da ferrovia que liga o Triângulo Mineiro a Anápolis, recebeu grandes fluxos de pessoas na instalação da Colônia Agrícola Ceres, aumentando a produção de grãos como arroz, milho e feijão.

A construção da nova capital de Goiás (Goiânia), que ocorre entre os anos de 1933-42 reforça o surto migratório para a região central do Estado. Goiânia passa então a dividir com o município de Anápolis, que já capitalizava um surto de desenvolvimento, as funções de eixo econômico e pólo de atração de pessoas. Esse fenômeno é reforçado ainda mais nos anos 1950, quando a capital recebe a ligação ferroviária (IPEA, 2002).

A integração regional brasileira intensificou-se por volta dos anos 1950, quando investimentos em infraestrutura, principalmente rodoviária, ampliaram os fluxos de comércio. No Centro-Oeste essa integração iniciou-se através da ―Marcha para o Oeste‖, no governo Vargas, com o intuito de promover a ocupação dos vazios demográficos por meio de absorção dos excedentes populacionais que faziam pressão no Centro-Sul do país, encaminhando-os para áreas que produziam matérias-primas e gêneros alimentícios (ARBEX JR e OLIC, 1996). No estado de Goiás, o aumento do fluxo de comércio teve como um dos embriões a instalação da primeira colônia agrícola, em 1941, na cidade de Ceres (KRENAC et al., 1989).

A construção de Brasília, no governo de Juscelino Kubitschek (1956-61), iniciou uma importante fase para o Centro-Oeste, sobretudo para Goiás. Como ressalta Diniz (2001), a construção de Brasília foi o elemento de maior impacto na integração econômica do território brasileiro. Ela passou a funcionar como o nódulo de integração decorrente da construção dos grandes troncos rodoviários: Brasília-Belém; Brasília-Belo Horizonte; Brasília-São Paulo; Brasília-Cuiabá; Brasília-Barreiras, e suas ramificações. O crescimento de Brasília, juntamente com a modernização da agropecuária tiveram efeitos sobre o crescimento urbano e permitiram que o Centro-Oeste se transformasse em uma região dinâmica.

No final da segunda metade da década de 1960 e início da década seguinte, a região Centro-Oeste passa por um novo fluxo migratório de menor intensidade do que o anterior, porém com maior capital humano. Neste período ocorre também a entrada de novos produtos agrícolas com maior nível tecnológico e, consequentemente, maior nível de produtividade, ocupando espaço das culturas tradicionais. A ocupação e a transformação produtiva da região, contou com amplas políticas de desenvolvimento regional, através de investimentos e incentivos públicos que favoreceram, em grande medida, a implantação de uma agropecuária moderna (ARRIEL, 2010).

Com relação às políticas públicas de natureza específica à região, destacam-se: Programas Integrados de Colonização, criado na década de 1970, com objetivo de absorver os excedentes populacionais do Centro-Sul e Nordeste; Programa de Incentivo Fiscal para Amazônia Legal, criado em 1966, visando atrair investimentos para áreas compreendidas nesta localização; Programa de Desenvolvimento dos Cerrados - Polocentro - criado em 1975, que visava à implantação da agropecuária na concepção de pólos de desenvolvimento; Programa de Cooperação Nipo-Brasileira para o Desenvolvimento dos Cerrados (Prodecer I), criado em 1976, promoção e expansão da agricultura moderna nos cerrados; e ainda outros como Prodepan, Prodegran Geoeconômica, Poloamazônia e Polonoroeste (IPEA, 2002).

Esse conjunto de políticas proporcionou a modernização das práticas agropecuárias e induziu a integração com a indústria. Para Estevam (2004), o interesse do Estado brasileiro em modernizar a agricultura era elevar a oferta de alimentos para o mercado consumidor que crescia a ritmo acelerado.
O Ipea (2002) sintetiza os principais fatos ocorridos no Centro-Oeste até a década de 1980: i) a migração constituiu-se em elemento importante para a ocupação regional, desde as décadas de 50 e 60, atraída pela nova capital federal e pelos projetos de colonização; ii) a infraestrutura implantada nesse período e a expansão populacional estimularam transformações na estrutura produtiva, preparando o Centro-Oeste para a modernização agropecuária dos anos 70 e 80, desdobrada em um importante complexo agroindustrial grãos-carnes.

No início dos anos 1980, o movimento migratório da população ocorre do meio rural para os centros urbanos devido à expansão da pecuária e o crescimento das atividades agrícolas modernas poupadoras de mão de obra, principalmente da soja, Goodman (1978); Graham (1971), Amorim (1986). Nesse período, a União pouco contribuiu para a continuidade do avanço da região devido à crise fiscal financeira. Nessa época entram em cena programas estaduais de incentivos fiscais como política agressiva de atração de investimentos, o que favoreceu ainda mais a implantação dos complexos agroindustriais em Goiás, Silva (2007).

Assim, o processo migratório, o aumento da infraestrutura causada pela construção de Brasília, as políticas públicas federais e os incentivos estaduais favoreceram o estado de Goiás. Isso contribuiu para que, a partir dos anos 1990, a economia goiana apresentasse desempenho positivo, alcançando resultados econômicos superiores às médias registradas para o conjunto do país.

A partir de então e com a economia altamente vinculada ao setor agropecuário, não só Goiás, mas o Centro-Oeste como um todo, passou a experimentar taxas de crescimento econômico acima da média nacional, aumentando sua participação no PIB nacional.

Goiás, historicamente, tem como importante atividade a agropecuária, com participações significativas na produção nacional. Na agricultura, atualmente, Goiás figura entre os maiores produtores no total de grãos e produtos como soja, sorgo, milho, feijão, cana-de-açúcar e algodão. Na pecuária o Estado destaca-se através do rebanho bovino e na produção de leite. A produção de suínos e frangos teve elevação após a criação do complexo agroindustrial da Perdigão no município de Rio Verde e região em 2001.

Além do crescimento na agropecuária, o Estado passa por um processo de mudança estrutural devido ao ganho de participação da indústria. Observa-se um ganho relativo da participação da indústria e do comércio no PIB. Dentro do setor industrial, a indústria de transformação teve o maior aumento de participação nos últimos anos. Contudo, o setor de serviços ainda é o maior gerador de riqueza e empregos.

A diversificação produtiva, principalmente a partir dos anos 2000, ocorreu através dos investimentos de grandes empresas privadas que migraram para Goiás, incentivadas pelos programas de isenção fiscal do governo estadual. Na indústria de processamento de alimentos, ressalta-se a já referida instalação da Perdigão (hoje BRF) em Rio Verde em 2001. Na indústria automotiva, as empresas John Deere e Mitsubishi em Catalão, a Hyundai em Anápolis e a Suzuki em Itumbiara, esta ainda em fase de instalação. Ainda, o Laboratório Teuto, Neoquímica e outras empresas compõem o pólo farmacêutico de Anápolis.

Outra atividade industrial que realizou grandes investimentos em Goiás foi a mineração com empresas como a canadense Yamana Gold em Pilar de Goiás, Alto Horizonte, Crixás e Guarinos; o Grupo Anglo American em Barro Alto, Catalão, Ouvidor e Niquelândia; e o Grupo Votorantim, também em Niquelândia. O complexo mineral instalado em Goiás coloca o Estado como destaque nacional na produção de vários minérios como a primeira colocação em níquel, vermiculita, amianto e cobre, e segundo em ouro, nióbio e fosfato, bem como uns dos produtos mais exportados.

Outra atividade de destaque é a sucroenergética que apresentou um boom na década de 2000. Nos anos 1990 era de apenas 10 o número de destilarias no Estado, em 2012 já eram 34 usinas em operação produzindo 2,77 bilhões de litros de etanol, três com operações suspensas e 14 usinas em processo de implantação.

Contribuiu para o crescimento desse setor o forte incentivo governamental para a ampliação da produção de etanol no Estado. Nos anos 2000 dos empréstimos contratados via programa governamental de incentivos fiscais ―PRODUZIR‖ a maioria se destinou ao segmento sucroalcooleiro e de biocombustível. Para se ter uma ideia da dimensão do incentivo, basta mencionar que o segundo colocado em receber incentivos foi o setor automotivo com 8,8% dos investimentos contratados.

Apesar de o setor industrial ter avançado em participação na economia estadual, não houve variação na distribuição dos empregos na economia goiana. Ou seja, desde os anos 1990 não houve alterações significativas da participação dos grandes setores na absorção de mão de obra. Dos empregos gerados em Goiás nos últimos 20 anos os serviços absorveram 30,5% dos empregos, em média, o Comércio 22,5%, a Indústria de Transformação 21%, a Construção Civil 14% e a Agropecuária 10%. Portanto, a participação da indústria na economia cresceu na última década, mas não houve alteração da participação do emprego do setor na economia, um indicativo de que os investimentos feitos foram intensivos em capital.

Também contribui para o bom desempenho recente da economia goiana a consolidação do Estado como um polo logístico. Cruzam estrategicamente o município de Anápolis dois eixos rodoviários importantes, a BR-153 e a BR-060. A cidade é parte importante do eixo Goiânia-Anápolis-Brasília e está no ponto de integração da futura Ferrovia Norte-Sul com a Ferrovia Centro Atlântica. A sua infraestrutura de transporte está relacionada com o Distrito Agroindustrial e o Porto Seco (Estação Aduaneira Interior) e formatam um nó estratégico de distribuição de cargas de abrangência nacional e internacional. Além disso, está em andamento as obras de adequação do Aeroporto Civil de Anápolis em aeroporto de cargas, com seu término previsto para 2014.

Também, quando concluída a ferrovia Norte-Sul, a integração multimodal em Anápolis (Plataforma Logística Multimodal de Goiás) promoverá pela primeira vez no Brasil o conceito de central de inteligência logística com acesso eficiente aos eixos de transporte rodoviário, ferroviário e aeroportuário, ou seja, permitirá a integração com as principais rotas logísticas do País.

Em infraestrutura acrescenta-se o Porto de São Simão na Hidrovia Paranaíba-Tiete-Paraná que é uma das principais portas de entrada e saída de mercadorias da região Centro-Oeste, principalmente Goiás. O Sistema possui 2.400 quilômetros de vias navegáveis via Piracicaba e Conchas (ambos em São Paulo) até Goiás e Minas Gerais (ao norte) e Mato Grosso do Sul, Paraná e Paraguai (ao sul). Liga cinco dos maiores estados produtores de soja do País e é considerada a Hidrovia do MERCOSUL.

Nas questões sociais, Goiás também logrou elevação em indicadores importantes, como o índice de Gini, IDHM, indicadores de educação, saneamento e habitação. A desigualdade de renda medida pelo índice de Gini apresentou acentuado declínio na última década, de um valor de 0,601 em 2000 para 0,465 em 2011. Assim, Goiás passou a participar do grupo de estados com a distribuição de renda menos desigual do País, ocupando o 5° lugar no ranking nacional em distribuição de renda.

O IDHM de Goiás exibiu elevação nas últimas décadas, partindo de um valor de 0,487 em 1991 para 0,615 em 2000, por fim, alcançando o valor de 0, 735 em 2010. Desagregando o IDH nos seus três componentes (educação, longevidade e renda), observa-se que o componente que mais contribuiu para o melhoramento do índice foi a educação que obteve aumento de 0,273 em 1991 para 0,646 em 2010. Goiás ocupa a 8a posição no ranking nacional dos maiores valores do IDHM.

Na educação, Goiás universalizou o ensino fundamental, contudo o desafio continua quanto à universalização do ensino médio e da educação infantil. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais tem apresentado tendência forte de queda desde os anos 1980. Goiás possuía a 15a menor taxa de analfabetismo no início dos anos 1980 e no final dos anos 2000 o Estado ocupava a posição de 8o lugar no ranking nacional.

A questão do saneamento em Goiás é algo que ainda merece atenção. A utilização de alguma forma de rede de água evoluiu a partir da década de 1990, mas o Estado ainda está abaixo da média nacional. Porém, a evolução que houve no acesso à rede de água não foi a mesma em relação à rede de esgoto, onde o nível de instalação verificada no início dos anos 1990 é praticamente o mesmo no final da década de 2000.

Assim, Goiás avançou em muitas questões socioeconômicas, algumas com desempenho melhor que a média nacional, outras não. Nesse trabalho, podem-se verificar por meio das estatísticas tais situações.

Cultura goiana

Artes - Goiás é pleno em artes. O Estado conjuga sob sua tutela manifestações artísticas variadas, que englobam do traço primitivo até o mais moderno desenho. Contemplado com nomes de peso no cenário regional, Goiás é expressivo quanto aos artistas que contaram em prosa e verso as belezas do Cerrado ou o ritmo de um Estado em crescimento e mesmo as nuances de ritos cotidianos.

Na escultura, José Joaquim da Veiga Valle é unanimidade. Natural de Pirenópolis, esculpia imagens,
na maioria em cedro, sendo considerado um dos grandes ―santeiros‖ do século XIX. Suas madonas são

as mais representativas e na época eram expressadas conforme a devoção de cada pessoa que a encomendava. Já a pintura é honrada pelas técnicas e pincéis de Siron Franco e Antônio Poteiro, artistas renomados e reconhecidos mundialmente em pinturas, monumentos e instalações, que vão do primitivismo de Poteiro até o temas atuais na mãos de Siron Franco. Isso sem contar a arte inigualável de Goiandira do Couto, expressa por seus quadros pintados não com tinta, mas com areia colorida retirada da Serra Dourada.

A literatura goiana é destaque à parte. Destacam-se os nomes de Hugo de Carvalho Ramos, com Tropas e Boiadas; Basileu T oledo França e os romances históricos Pioneiros e Jagunços e Capangueiros; Bernardo Élis e as obras Apenas um Violão, O Tronco e Ermos Gerais; Carmo Bernardes com Jurubatuba e Selva-Bichos e Gente; Gilberto Mendonça Teles, considerado o escritor goiano mais famoso na Europa, com A Raiz da Fala e Hora Aberta; Yêda Schmaltz com Baco e Anas Brasileiras; Pio Vargas e Anatomia do Gesto e Os Novelos do Acaso; e Leo Lynce, um dos precursores do modernismo, com seu livro Ontem.

Cora Coralina - Ana Lins Guimarães Peixoto Bretas tinha quase 76 anos quando publicou seu primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Conhecida pelo pseudônimo de Cora Coralina foi poetisa e contista, sendo considerada uma das maiores escritoras brasileiras do século XX. Também era conhecida por seus dotes culinários, especialmente na feitura dos típicos doces da cidade de Goiás, onde morava – motivo do qual é evidente a presença do cotidiano interiorano brasileiro, em especial dos becos e ruas de pedras históricas, em sua obra.

Festas e festivais - O Estado de Goiás promove, constantemente, manifestações artísticas conjuntas de forma a apresentar novos nomes do cenário regional. Três festivais têm espaço garantido no calendário de eventos estadual, dando repercussão à cultura audiovisual, dramaturgia e à música. Na cidade de Goiás, é realizado o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental, o Fica; em Porangatu, a Mostra de Teatro Nacional de Porangatu, o TeNPo; e o Festival Canto da Primavera, em Pirenópolis.

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