Rio Amazonas na América do Sul e Brasil
O Rio Amazonas, localizado na América do Sul, é o mais extenso do mundo e com maior fluxo de água por vazão, com uma média superior que a dos próximos sete maiores rios combinados (não incluindo Madeira e Rio Negro, que são afluentes do Amazonas). A Amazônia, que tem a maior bacia de drenagem do mundo, com cerca de 7.150.000 quilômetros quadrados, responsável por cerca de um quinto do fluxo pluvial total do mundo. Até 2010 achava-se que o rio Nilo, com 6.650 km, fosse o mais extenso do mundo, mas com técnicas modernas de medição constatou-se que o Amazonas, com 7.051 km, é de fato o mais extenso e com o maior fluxo de água do planeta.
Rio em que os fatos são tão assombrosos quanto as lendas, o Amazonas fertiliza uma região de quase seis milhões de quilômetros quadrados, equivalente a mais de metade da Europa: se a Amazônia é "o pulmão do mundo", sua artéria principal é o rio Amazonas.
Há ainda controvérsias sobre sua nascente, o que dá grandes variações à extensão total. A hipótese atualmente mais aceita apresenta como primeiros lances de sua formação os cursos d'água andinos (e peruanos) Apurimac-Ucayali. Com base nisso, a Carta Aeronáutica Mundial deu ao Amazonas, daí à foz, o comprimento de 6.571km, pouco menor que o do Nilo, consagrado em torno de 6.670km. Uma outra versão localiza o nascedouro em um ponto mais a sudeste e acha 7.025km de percurso. Seja como for, é difícil afirmar com segurança o comprimento do Amazonas.
Pouco característico em seus começos, o rio principia a assumir sua identidade perto de Iquitos, no Peru, onde se encontram o Ucayali e o Marañón, os dois grandes braços alternativos. É quando toma sua definitiva direção oeste-leste, correndo quase sempre a menos de 5o de latitude sul. Seu declive é mínimo, avançando serenamente pela mais ampla várzea do planeta. De Benjamin Constant, na fronteira entre o estado do Amazonas e o Peru, até a ilha de Marajó, o Amazonas só desce 65m em três mil quilômetros (em cada quilômetro, é de 20mm o gradiente médio).
O curso médio do Amazonas depende de se tomar o Marañón ou o Ucayali como principal formador. No primeiro caso, inicia em Pongo de Manseriche, no segundo, em Contamana, ambas pequenas cidades do Peru. Daí vai até Óbidos, a mil quilômetros da foz, onde já se notam efeitos das marés. Além do Peru, marcado quase de ponta a ponta pelas duas tortuosas vertentes da primeira parte do rio, o norte do Brasil (estados de Amazonas e Pará) constitui o imenso território onde o rio se expande, formando a maior bacia hidrográfica da Terra (5.846.100km2), que alcança ainda trechos da Colômbia, Bolívia, Equador, Venezuela e Guianas. Além dos nomes que recebe no Peru, dentro do próprio Brasil, o Amazonas é conhecido por outro nome, o de Solimões, mais ou menos entre Benjamin Constant e Manaus.
Sua descarga, vazão ou volume de água, é também, de longe, a maior que se conhece. Em 1963, o United States Geological Survey, associado à Universidade do Brasil e à Marinha de Guerra, mediu a vazão em Óbidos: 216.342m3 por segundo, doze vezes a do Mississippi, mais de vinte vezes a do Nilo. Vale notar que, depois de Óbidos, o Amazonas recebe as águas do Tapajós e do Xingu, na margem direita, do Maicuru, Paru e Jari, na margem esquerda.
São aspectos igualmente curiosos os registros de velocidade, largura e navegabilidade. A velocidade média, no médio e baixo cursos, é de 2,5km por hora, mas em Óbidos, onde o rio tem sua passagem mais estreita em território brasileiro (2.600m), a velocidade chega a oito quilômetros por hora. A largura é outra das medidas de cálculo difícil, por causa das muitas ilhas que se formam no leito, dando origem a uma subdivisão das águas em vários braços ou "paranás". Sem ilhas de permeio, um dos trechos reconhecidamente mais largos fica uns vinte quilômetros antes da foz do Xingu e mede 13km. Mas, nas épocas de cheia, muitas passagens vão além de cinquenta quilômetros de largura. Tudo ali é variável e dinâmico demais. Em altura, entre o nível máximo das enchentes (junho) e mais baixo da vazante (outubro-novembro), a oscilação é de 10,5m.
O Amazonas é um rio generosamente navegável. Nos 3.700km que vão da embocadura à cidade de Iquitos, sua profundidade (às vezes mais de cinquenta metros) lhe permite receber navios de alto-mar. Muitos de seus afluentes são também navegáveis, de modo que o transporte hidroviário é um dos mais fáceis da região e permanece subexplorado em todos os planos: da quantidade, da qualidade, dos recursos tecnológicos empregados com esse objetivo. Bem programado, é o meio ideal no que diz respeito à proteção da natureza.
Entre os afluentes do Amazonas há também muitos rios colossais. O Madeira é um dos vinte maiores do mundo; o Purus, o Tocantins e o Juruá estão entre os trinta principais. Em toda a rede desses afluentes, no Brasil, sobressaem, pela margem direita, o Javari, Juruá, Purus, Madeira, Tapajós e Xingu; pela margem esquerda, Içá, Japurá, Negro, Trombetas, Paru e Jari.
O estuário do rio Amazonas tem duas partes, pelo menos: o canal do Norte, mais largo, e o do Sul, conhecido ainda pelos nomes de rio Pará e baía de Marajó. De um a outro lado dos dois canais a distância é de cerca de 150km. Se se considera o estuário até a costa leste da ilha de Marajó, a medida é o dobro, girando em torno de 300km. Na verdade há mais corredores para a saída do rio. São os chamados furos de Breves, uma série de canais naturais a sudoeste da ilha de Marajó, por onde as águas se distribuem, se filtram, como se fossem muitos e cuidadosos os preparativos para entrar no oceano. Adiante surgem as ilhas: além da Marajó, a Grande de Gurupá, a Caviana, a Mexiana, a Janaucu, a Queimada etc.
O Amazonas apresenta ainda vários fenômenos muito curiosos. No baixo curso, o mais famoso é o da chamada pororoca, encontro violento das águas do rio com as do mar, com estrondo que se ouve a quilômetros de distância. As ondas sobem abruptamente e depois descem em sucessão sobre as praias, tornando perigosa a navegação. Acontece principalmente em outubro, quando as condições do rio e do mar, águas baixas e maré alta, são propícias.
Algo semelhante ocorre nas proximidades de Manaus, quando os rios Negro e Amazonas se encontram: embora não se dê a explosiva luta da pororoca, os dois custam muito a se misturar e, como suas cores são bastante diferentes, vê-se a dificuldade com que o Negro deságua, infiltrando-se aos poucos no Amazonas. As marés de água doce também são intrigantes. Ocorrem em diversos rios que acabam no mesmo estuário amazônico, e duas vezes por dia, dada a variação do nível do mar.
Perfeitamente conhecido, e às vezes apavorante, é o fenômeno das terras caídas, consequência evidente da formidável força e predomínio das águas em toda a Amazônia: as margens são solapadas e subitamente sai da terra uma nova ilha levada pelo rio, muitas vezes com seus animais ou moradores, uma parte do gado ou instalações e casas. Mais recente é a pesquisa sobre as cores dos rios da Amazônia: há rios "brancos" ou amarelos, alaranjados, de forte castanho-escuro, verdes, negros, transparentes. A explicação está nos compostos químicos (orgânicos e inorgânicos) que prevalecem nos lugares por onde passam. O Amazonas, de um modo geral, é dos "brancos", barrento claro, ao menos em sua viagem pela planície.
Suas águas tingem as do oceano até cerca de 200km da costa, reduzindo a salinidade. Por isso o espanhol Vicente Pinzón, que em 1500 teria chegado à foz, denominou-o Mar Dulce. Em 1542 Francisco Orellana desceu o rio a partir do Peru. Quer por causa de um ataque de índios de cabelos longos, quer por acrescentar a seu relato de viagem a fantasia das mulheres guerreiras, referiu-se ao rio como das Amazonas, permanecendo esse nome para sempre.
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