Região Norte do Brasil
a Região Norte do Brasil é formada pelos estados de Roraima, Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Tocantins. Localizada entre o maciço das Guianas, ao norte, o planalto Central, ao sul, a cordilheira dos Andes, a oeste, e o oceano Atlântico, a noroeste, a Região Norte é banhada pelos grandes rios das bacias Amazônica e do Tocantins. A maior parte da região apresenta clima equatorial. No norte do Pará e em Rondônia, o clima é tropical. A floresta Amazônica é a vegetação predominante. A região Amazônica é uma das áreas de maior biodiversidade do planeta. Esse patrimônio, entretanto, é ameaçado pelo desmatamento. Só em 2000, a área devastada na Amazônia chega a 587,7 mil quilômetros quadrados. Está no Acre a maior variedade de espécies da região. Em 2001, pesquisadores encontram junto à serra do Divisor, no Alto Juruá, mais de 600 espécies de aves e 1.620 tipos de borboleta. A falta de uma política de desenvolvimento sustentável faz com que o desmatamento continue avançando floresta adentro. Com uma população que cresce duas vezes acima da média nacional, a Região Norte também se expande economicamente para atender às necessidades de seus habitantes, cada vez mais numerosos. E esse crescimento econômico vem à custa do aumento da pecuária extensiva, do avanço da agricultura ao sul e ao leste da região, das ações ilegais de madeireiros e de pressões urbanas para obras de infra-estrutura – todas atividades de grande impacto ecológico. Com o sucesso das plantações de soja no Centro-Oeste, novas fronteiras agrícolas começam a ser abertas em direção à Região Norte, o que pode aumentar o desmatamento. Rondônia e Pará são os estados que mais derrubam árvores na região, enquanto Roraima, Amapá e Amazonas ainda contam com 95% de suas florestas intactas. O estímulo a atividades que não comprometam a preservação da floresta, como as indústrias da Zona Franca de Manaus e a exploração do ecoturismo, além da criação de parques florestais e reservas indígenas, tem impedido um desastre ainda maior. Apesar de o Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam) já monitorar a região, falta uma ação mais eficaz por parte da fiscalização, que ainda não dispõe de um número suficiente de agentes.
Formação da população – A Região Norte concentra 306 das 587 áreas indígenas brasileiras, com 84,54% dos 101 mil hectares de terra demarcados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 213 mil índios de diversas etnias vivem nessa região. Amazonas, Pará e Roraima são os estados com a maior concentração indígena. Os ticunas, no Amazonas, constituem a mais numerosa etnia, com mais de 30 mil índios. No Pará, Amazonas e Tocantins, expressiva parcela da população é originária do Nordeste, sobretudo do Ceará e do Maranhão. No Acre e em Rondônia, há grande concentração de paranaenses e gaúchos, cuja família se mudou para lá nos anos 1970, incentivada pelo governo militar, que queria colonizar a região. Nos anos 1990, como revela o Censo de 2010, do IBGE, Roraima e Amapá se tornam polos de atração com os maiores percentuais do país de moradores não nascidos no estado.
Festas populares e gastronomia – As duas maiores festas populares do Norte são o Círio de Nazaré, que no segundo domingo de outubro reúne mais de 2 milhões de pessoas em Belém (PA), e o Festival de Parintins, a mais conhecida festa do boi-bumbá do país, que ocorre em junho no Amazonas. A herança indígena é fortíssima na culinária do Norte, baseada na mandioca e em peixes. Dos rios amazônicos, as espécies mais conhecidas são o tucunaré, o pirarucu e o matrinxã. Nas cidades de Belém e em Manaus, toma-se direto na cuia indígena o tacacá, espécie de sopa quente feita com tucupi, goma de mandioca, jambu (um tipo de erva), camarão seco e pimenta-de-cheiro. O tucupi é um caldo da mandioca cozida e espremida no tipiti (peneira indígena), que acompanha o típico pato ao tucupi, do Pará. Da ilha de Marajó vem o frito do vaqueiro, feito de cortes da carne de búfalo acompanhados de pirão de leite. A biodiversidade da Amazônia se reflete ainda na variedade de frutas: cupuaçu, bacuri, açaí, taperebá, graviola, buriti, tucumã e pupunha, entre outras.
Turismo – O ecoturismo e o turismo de aventura são as principais atividades na Região Norte. Com visitação controlada, destacam-se no Amazonas o Parque Nacional do Jaú (patrimônio natural da humanidade) e a Área de Proteção Ambiental (APA) de Mamirauá. Ao longo do rio Tapajós, no Pará, das muitas praias a mais famosa é Alter do Chão, em Santarém. As construções da época da borracha atraem turistas para as capitais Belém e Manaus, assim como os hotéis de selva, que eram característicos do Amazonas e começam a se espalhar pelo Acre e por Rondônia. A principal atração turística do Amapá é a pororoca do rio Araguari. O encontro das águas da maré com a foz do rio ocorre a 18 horas de barco de Macapá. Apesar da falta de infra-estrutura, no Tocantins, o rio Araguaia é refúgio de pescadores, e as dunas, o cerrado e as cachoeiras do Jalapão oferecem muita aventura e belíssimas paisagens aos visitantes.
Turismo sexual – Segundo pesquisa feita pelo Ministério da Justiça, pela Organização Mundial do Trabalho (OIT) e por várias ONGs brasileiras, entre 1996 e 2011 a Região Norte concentra 76 rotas nacionais e internacionais de tráfico de mulheres e uma grande incidência de turismo sexual, principalmente nas cidades maiores. A porta de saída mais procurada é a cidade de Manaus e os destinos preferenciais são Guiana Francesa, Suriname e Holanda (Países Baixos).
Transportes – O principal meio de circulação da população e de cargas é o transporte fluvial, já que o aéreo só é acessível à pequena parcela da população de maior poder aquisitivo. Hoje, as rotas de maior circulação estão no baixo Amazonas, entre Belém e Manaus, e no Madeira, entre Manaus e Porto Velho. Depois de finalizada, a Hidrovia Araguaia-Tocantins será um importante corredor de ligação do Norte com o Centro-Oeste e com o Sul e o Sudeste. Com um extenso território pontilhado aqui e ali de cidades isoladas, a Região Norte apresenta baixa taxa de transporte rodoviário e ferroviário. Esse se restringe à ferrovia de Carajás, da Companhia Vale do Rio do Doce, que leva minério de ferro e passageiros do Pará ao Maranhão. As grandes estradas oferecem estrutura precária, por causa da falta de asfalto ou de manutenção, como a Transamazônica (de terra em quase toda sua extensão), a Belém-Brasília, a Belém-São Luís e a Santarém-Cuiabá.
Urbanização – O grau de urbanização da Região Norte é o mais baixo do país: 72,9% em 2009. No entanto, é a região que mais se urbanizou nos últimos anos. Entre 1991 e 2009, segundo o IBGE, o crescimento urbano é de 31,54%. Manaus (AM) e Belém (PA) são as principais regiões metropolitanas. Mas em geral todas as capitais do Norte concentraram população. Palmas é a que mais cresce. A população aumentou em média 25,39% ao ano entre 1991 e 2011.
Economia – A economia baseia-se principalmente no extrativismo vegetal de produtos como látex, açaí, madeira e castanha. A região também é muito rica em minérios. Lá estão a serra dos Carajás (PA), a mais importante área de mineração do país, de onde se extrai grande parte do minério de ferro brasileiro exportado, e a serra do Navio (AP), rica em manganês. A Companhia Vale do Rio Doce, a maior vendedora de minério de ferro do mundo, detém os direitos de exploração dos minérios da região de Carajás, de onde extrai ferro, cobre e ouro. Na média, a economia da Região Norte cresce 55% na década de 1990. Com pequenas economias extrativistas ou agropecuárias, o Amapá cresce 56%; Rondônia, 41%; Roraima, 40%; Tocantins, 36%; e Acre, 34%. O Pará permanece em segundo lugar em produção econômica absoluta na região. Com pequeno crescimento industrial e estável produção de matérias-primas, o estado tem o menor crescimento econômico relativo da região, com 19%. Na década de 1990, o rendimento de um chefe de família na área rural da Região Norte tem a menor variação do país e sobe 27,4%. A média nacional alcança o índice de 52,6%.
Hidrelétricas do Rio Madeira – A construção das usinas hidrelétricas de Santo Antônio e a do Jirau no Rio Madeira no Estado de Rondônia é, na atualidade a maior obra de engenharia do planeta em construção, com investimentos de mais de 30 bilhões de reais. A construção das duas hidrelétricas faz parte do Projeto de Aceleração do Crescimento (PAC) e tem prazo para a sua conclusão em 2014. Após a conclusão das hidrelétricas, os estados de Rondônia e Acre interligarão ao sistema nacional de distribuição de energia elétrica.
Zona Franca – Instalada há 35 anos, a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) constitui um conjunto de políticas de incentivo fiscal que visa a desenvolver a região da Amazônia Ocidental (formada por todos os estados do Norte, com exceção do Pará e do Tocantins). A Zona Franca investe em infra-estrutura e oferece incentivos para que as indústrias se estabeleçam na região. Entre 1990 e 1999, a economia amazonense tem o maior crescimento acumulado do país: 122%. Com mais de 400 indústrias instaladas, o Polo Industrial de Manaus responde por 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado do Amazonas. Os principais parques industriais do polo são o eletroeletrônico, o de informática, o de motos e bicicletas, o setor químico e o desconcentrados de refrigerante.
Energia – A região tem priorizado a oferta e a redistribuição de energia para seus estados. No Amazonas, como a planície da bacia Amazônica inviabiliza a construção de hidrelétricas, o estado investe na produção de gás natural em Urucu, na bacia do rio Solimões. O projeto prevê que as grandes geradoras de energia elétrica substituirão o óleo diesel de suas termelétricas por gás natural. No Pará, desde 2001 as populações do oeste do estado já podem contar com a energia de Tucuruí, a segunda maior hidrelétrica do país.
Sudam – Por meio de medida provisória, em maio de 2001 o presidente Fernando Henrique Cardoso extingue a Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O órgão extinto facilitava o desvio de verbas públicas. Para substituí-lo, é criada a Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA), que utiliza critérios mais rigorosos na liberação de recursos. Em 2003, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decide recriar a Sudam, e a ADA passa a ter como função principal organizar a transição. Assim como ocorreu com a Sudene, é criado pelo Ministério da Integração Nacional, o Grupo de Trabalho Interministerial (GTI), para reconstituir a Sudam.
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