Geografia do Brasil
O Brasil, com 8.547.403,5 km², é um país de dimensões continentais. A área terrestre corresponde a 8.491.194 km², e as águas internas, a 55.547 km². Entre todos os países de dimensões continentais, é o único cujo território é totalmente habitável. Isso não ocorre, por exemplo, nas áreas geladas do Canadá, nas regiões desérticas da China e da Austrália, nas regiões das Montanhas Rochosas e nos desertos dos Estados Unidos da América. Também a Federação Russa, o país com a maior extensão territorial do mundo (17.075.400 km²), tem enormes dificuldades de ocupar a vasta planície siberiana, em grande parte ainda desértica devido ao frio rigoroso.
O primeiro cálculo oficial da superfície brasileira ocorreu em 1922. Estimou-se, então, que nosso território teria 8.511.189 km². Como se explica essa diferença de 36 mil km² em relação à atual estimativa oficial, se não houve incorporação de áreas?
A diferença é uma conseqüência do desenvolvimento da cartografia, que tem utilizado tecnologias mais modernas, resultando em informações cada vez mais precisas.
No Brasil, não há nenhuma cadeia montanhosa suficientemente elevada e nenhuma região desértica que possam dificultar, ou mesmo impedir, sua ocupação populacional. Em nenhuma região a pluviosidade média anual é inferior a 300 mm – e o limite convencionado para caracterizar uma zona desértica é de 250mm. Não há altitudes que ultrapassem 3.200 m; nada de geleiras ou neves eternas. E as quedas de neve, para tristeza de muitos, ocorrem apenas em algumas regiões serranas do Sul. Assim, todas as regiões têm uma grande importância no presente e, certamente, um enorme valor potencial no futuro. Nesse sentido, pode-se dizer que o Brasil é um país com um futuro promissor. Entre todos os países do mundo é o que tem a maior capacidade de aproveitamento espacial.
A grande extensão territorial brasileira possibilita a expansão da agricultura e pecuária, graças à diversidade de zonas climáticas. O potencial de recursos vegetais e minerais é bastante amplo. Mas a mesma extensão territorial traz consigo uma série de problemas, como as grandes distâncias a serem vencidas por rodovias e ferrovias, cujas construções são custosas. A distância entre São Paulo e Porto Alegre, por exemplo, corresponde à distância entre Lisboa, em Portugal, e Frankfurt, na Alemanha. Essa grande distância a ser percorrida encarece os custos de produção e transporte, cria problemas de diferenciação social, política e econômica entre as várias regiões do país.
Com um formato semelhante ao de um triângulo de cabeça para baixo, nosso país está situado na porção centro-oriental da América do Sul, entre as latitudes +5o 16’ 20” N e –33o 47’32” S. Isto significa que 93% do seu território está localizado no hemisfério sul. Apresenta distâncias enormes, mas notavelmente equilibradas, de um extremo a outro. A maior extensão no sentido norte-sul (4.394 km) é pouco maior que no sentido leste-oeste (4.319 km). Ao norte, o ponto extremo se localiza na nascente do rio Ailã, no monte do Caburaí, estado de Roraima (5o 16’ de latitude norte). No extremo sul, está o arroio Chuí, na divisa entre o Uruguai e o Brasil (33o 45’ de latitude sul). A oeste, a nascente do rio Moa, na serra de Contamana ou Divisor, na fronteira do estado do Acre com o Peru (73o 50’ de longitude oeste), e a leste, a ponta do Seixas, na Paraíba (34o 45’ de longitude oeste). Seu centro geográfico fica na margem esquerda do rio Jarina, perto de Barra do Garças, em Mato Grosso.
O Brasil tem 23.086 km de fronteiras, sendo 15.719 km terrestres e 7.367 km marítimas. A fronteira atlântica se estende da foz do rio Oiapoque, no cabo Orange (AP) no Norte, ao arroio Chuí (RS), no Sul. Apenas dois países sul-americanos não têm fronteiras com nosso país: o Chile e o Equador. As fronteiras terrestres são dos mais variados tipos, mas com predomínio das naturais (rios, lagos e serras).
Por causa da grande extensão leste-oeste, o território brasileiro, incluindo as ilhas oceânicas, estende-se por quatro fusos horários, sendo três sobre sua parte continental. Possui, assim, quatro horas diferentes. O segundo fuso horário, onde está localizada Brasília, a capital federal, determina a hora oficial do país. Em cada faixa de 15o entre pares de meridianos ocorre a variação de uma hora.
Todos os fusos horários do Brasil possuem horas atrasadas em relação a Greenwich, o que é determinado pelo fato de estar o país totalmente situado a oeste desse meridiano, na área de Londres (Hemisfério Ocidental).
1º fuso horário brasileiro
Contém as ilhas oceânicas do país (arquipélago de Fernando de Noronha, atol das Rocas, penedos de São Pedro e São Paulo, Trindade e Martim Vaz). É o menos importante, por abranger uma diminuta área e pouca população. É o segundo fuso a oeste de Greenwich, estando, portanto, duas horas atrasado e uma hora adiantado em relação a Brasília.
2º fuso horário brasileiro
É o mais importante, por conter a maior parte da população brasileira, bem como grande parte do território nacional.
Esse fuso abrange o Amapá, o leste do rio Xingu no Pará, Tocantins, Goiás, Distrito Federal, além de todos os estados das regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Está três horas atrasado em relação a Greenwich.
3º fuso horário brasileiro
Contém a porção do Pará a oeste do rio Xingu, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Roraima e quase todo o estado do Amazonas, excetuando-se sua porção extremo oeste. Está quatro horas atrasado em relação a Greenwich e uma hora em relação a Brasília.
4º fuso horário brasileiro
Contém o extremo oeste do estado do Amazonas e o estado do Acre, estando cinco horas atrasado em relação a Greenwich e duas horas em relação a Brasília.
Embora tenha sido aplicado no Brasil pela primeira vez durante o Estado Novo (1937-1945), o horário de verão foi adotado anualmente a partir de 1985. A região abrangida deve adiantar os relógios uma hora em determinado dia do ano. Na região que adota o horário de verão, a duração do dia é significativamente mais longa que a da noite, o que retarda a entrada do pico de consumo de energia elétrica, quando as luzes das casas são acesas. Estima-se uma economia de 1% de energia.
Relevo
O território brasileiro é constituído, basicamente, por grandes maciços cristalinos (36%) e grandes bacias sedimentares (64%). Aproximadamente 93% do território brasileiro apresenta altitudes inferiores a 900 m. Em grande parte as estruturas geológicas são muito antigas, datando da Era Paleozóica à Mesozóica, no caso das bacias sedimentares, e da Era Pré-Cambriana, caso dos maciços cristalinos.
As bacias sedimentares formam-se pelo acúmulo de sedimentos em depressão. É um terreno rico em combustíveis fósseis, como carvão, petróleo, gás natural e xisto betuminoso. Os maciços são mais antigos e rígidos e se caracterizam pela presença de rochas cristalinas, como granitos e gnaisses, e são ricos em riquezas minerais metálicas, como ferro e manganês.
O relevo brasileiro não sofre mais a ação de vulcões e terremotos, agentes internos básicos para a formação de grandes formas estruturais. Porém, os agentes externos, como chuvas, ventos, rios, marés, calor e frio, continuam sua obra de esculpir as formas do relevo. Eventualmente, em determinados pontos do território brasileiro podem-se sentir os reflexos dos tremores de terra ocorridos em alguns pontos distantes, como no Chile e Peru.
As unidades do relevo brasileiro são:
a) Planaltos: das Guianas e Brasileiro (formado pelo Planalto Central, Atlântico e Meridional).
Planalto das Guianas
Ocupando a porção extremo setentrional do país, tem sua maior parte fora do território brasileiro, em terras da Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Constituído por rochas cristalinas pré-cambrianas, pode ser dividido em duas porções:
Planalto Norte-Amazônico: também chamado de Baixo Platô, apresenta pequenas elevações levemente onduladas, formando uma espécie de continuação das terras baixas da Planície Amazônica.
Região Serrana: situada na porção Norte do Planalto, acompanha de perto as fronteiras do Brasil com as Guianas e com a Venezuela. Dominada por dois arcos de escarpas (o Maciço Oriental e o Maciço Ocidental), separados por uma área deprimida e aplainada no noroeste de Roraima. O Maciço Oriental é caracterizado por pequenas altitudes que raramente superam os 600 m, onde se encontram serras como as de Tumucumaque e Açari, enquanto no Maciço Ocidental encontram-se as maiores altitudes absolutas do Brasil, destacando-se na serra do Imeri ou Tapirapecó o pico da Neblina, com 3.014 m de altitude (ponto culminante do país); na fronteira do estado do Amazonas com a Venezuela, o pico 31 de Março, com 2.992 m; e na serra de Pacaraima o monte Roraima, com 2.727 m.
Planalto Brasileiro
É uma das mais vastas regiões planálticas do mundo, estendendo-se do sul da Amazônia ao Rio Grande do Sul e de Roraima ao litoral Atlântico. É dominado por terrenos cristalinos amplamente recobertos por sedimentos. Por motivos didáticos e pelas diferenças morfológicas que apresenta, pode-se dividi-lo em três subunidades:
Planalto Central
Abrange uma extensa região do Brasil Central, englobando partes do Norte, Nordeste, Sudeste e principalmente do Centro- Oeste. Apresenta terrenos cristalinos antigos fortemente erodidos e amplamente recobertos por sedimentos paleozóicos e mesozóicos. Além de planaltos cristalinos, destacam-se as chapadas recobertas por sedimentos, como dos Parecis, entre Roraima e Mato Grosso.
Planalto Atlântico ou Planalto Oriental Estende-se do Nordeste, onde é bastante largo, ao nordeste do Rio Grande do Sul. Pode-se também dividi-lo em duas subunidades distintas:
Região das Chapadas no Nordeste: além dos planaltos e serras cristalinas, como o planalto da Borborema e as serras de Baturité, predominam chapadas recobertas por sedimentos, como Diamantina na Bahia, e as de Ibiapaba, entre Ceará e Piauí, Araripe, entre Ceará e Pernambuco, e Apodi, entre Ceará e Rio Grande do Norte.
Região Serrana: predominam as terras altas do Sudeste, constituídas por serras cristalinas de terrenos pré-cambrianos. Destacam-se aí as serras do Mar, da Mantiqueira (Caparaó), na divisa entre Minas Gerais e Espírito Santo, onde está localizado o pico da Bandeira com 2.890 m, terceiro ponto mais elevado do Brasil. É nessa região que se encontram as maiores altitudes médias do país, cujo relevo apresenta formas arrendondadas, constituindo o chamado “Mar de Morros” ou “Relevo Mamelonar”, resultado da ação do intemperismo ao longo de milhares de anos.
Planalto Meridional ou Arenito Basáltico
Abrange grande parte das terras da região Sul, o centro-oeste de São Paulo, o sul de Minas Gerais e o Triângulo Mineiro, o sul de Goiás e parte leste do Mato Grosso do Sul, correspondendo às terras drenadas pela bacia do rio Paraná. Predominam terrenos sedimentares, assentados sobre o embasamento cristalino, sendo os terrenos mesozóicos associados a rochas vulcânicas, provenientes
do derrame de lavas ocorrido nessa era. Essas rochas vulcânicas, em especial o basalto e o diabásio, com o passar do tempo sofreram desagregação pela ação dos agentes erosivos, dando origem a um dos solos mais férteis do Brasil, a chamada “terra roxa”. As áreas onde predominam sedimentos paleozóicos e mesozóicos (arenitos), associados às rochas vulcânicas, constituem uma subunidade do planalto Meridional. Outra subunidade é a Depressão Periférica, uma estreita faixa de terrenos relativamente baixos que predominam arenitos, que se estende de São Paulo a Santa Catarina e parte do Rio Grande do Sul. É no planalto Meridional que aparece com destaque o relevo de “Cuestas”, costas (escarpas) sucessivas de leste para oeste.
b) Planícies: Amazônica, do Pantanal, Costeira e Gaúcha.
Planície Amazônica
Vasta área de terras baixas e planas que corresponde à Bacia Sedimentar Amazônica, onde se distinguem alongadas faixas de sedimentos paleozóicos que afloram na sua porção centro-oriental, além de predominar arenitos, argilitos e areias terciárias e quaternárias. Localizada entre o planalto das Guianas ao norte e o Brasileiro ao sul, a planície é estreita a leste, próximo ao litoral do Pará, e alarga-se bastante para o interior na Amazônia Ocidental.
A imensa área de terras planas e baixas (a altitude raramente supera os 200 m) que constitui a planície, quando observada com maior cuidado, demonstra que a suposta homogeneidade é aparente, sendo possível distinguir pelo menos três áreas distintas, que se sucedem a partir das margens dos rios: várzeas, teso e firmes (Baixo Platô – Norte e Tabuleiro – Sul).
Planície do Pantanal
Ocupando quase toda metade oeste do Mato Grosso do Sul e o sudeste do Mato Grosso, a planície do Pantanal se estende para além do território brasileiro, em áreas do Paraguai, Bolívia e extremo norte da Argentina, recebendo nesses países a denominação de “Chaco”. Com terras muito planas e baixas (altitude média de 100 m), o Pantanal se constitui numa grande depressão interior do continente que se inunda largamente no verão. Os pontos mais elevados da planície, que ficam a salvo das cheias, levam o nome de “cordilheiras”, e as partes mais baixas, “baías” ou “lagos”.
Planície Costeira
Estendendo-se por quase todo o litoral brasileiro, do Pará ao Rio Grande do Sul, é uma área de sedimentos recentes: terciários e quaternários. Em alguns trechos, principalmente no Sul e Sudeste, a planície é interrompida pela proximidade do planalto Atlântico, dando origem às falésias; em alguns pontos surgem as baixadas litorâneas, destacando-se a baixada Capixaba no Espírito Santo, a baixada Fluminense no Rio de Janeiro, as baixadas Santista e de Iguape em São Paulo, a de Paranaguá no Paraná e a de Laguna em Santa Catarina. É na planície Costeira, ainda, que aparecem as praias, as restingas, os tômbolos, as dunas, os manguezais e lagoas costeiras.
Planície Gaúcha ou dos Pampas
Ocupa, esquematicamente, a metade sul do Rio Grande do Sul, constituída por sedimentos recentes; apresenta-se plana e suavemente ondulada, recebendo a denominação de Coxilhas.