Princípios Básicos de Geomorfologia
A geomorfologia objetiva a análise das formas do relevo por meio desua descrição e dos processos que as formaram. Tais processos são resultantes das forças endógenas (processos tectônicos) e exógenas(mecanismos climáticos). A forma do relevo é extremamente dinâmica mudando rapidamente ao largo do Tempo Geológico; por exemplo, o tempo de vida de umaescarpa "fresca" em climas temperados é de 100.000 anos em média. A análise geomorfológica implica em se reconhecer, em uma área qualquer, as diferentes fases evolutivas a que esteve submetida.
Níveis
de Abordagem da Ciência Geomorfológica (segundo Ab´Sáber, 1969)
a) Compartimentação morfológica: concentra-se nas observações relativas aos diferentes níveis topográficos e características morfológicas intrínsecas aos terrenos analisados.
b) Caracterização da estrutura superficial: entendimento histórico da evolução do relevo, por exemplo pela observação dos depósitos correlativos ou formações superficiais (tipo de material acumulado em
correlação com determinada condição climática, ou seja, gerado por meio de processo morfogenético qualquer).
c) Fisiologia da paisagem: compreensão da ação dos processos morfodinâmicos atuais, mesmo com a ação antrópica direta ou indireta provocando ou atenuando desequilíbrios naturais. É possível agregar a caracterização morfotectônica/morfoestrutural pela compreensão da morfotectônica como processo de deformação geológica da crosta, que tem influência na arquitetura geomorfológica local.
Processos
Clássicos de Evolução
Grandes unidades de relevo também são chamadas de domínios morfológicos ou domínios morfoestruturais (unidades geomorfológicas estruturais). Tais unidades e o tempo transcorrido (responsável pela elaboração morfológica em função dos diferentes mecanismos morfoclimáticos) implicam no grau da evolução do relevo. As feições morfoestruturais de larga escala no Brasil reconhecidas na arquitetura dos continentes foram definidas por Ab'Sáber (1975) e outros e são resumidas a seguir:
Terrenos cratônicos (ou escudos): representam terrenos de consolidação e aglutinação muito antiga, que se apresentam como maciços, montanhas em blocos, superfícies de erosão, espinhaços montanhosos e planaltos de estruturas complexa. Os escudos são responsáveis pelo fornecimento de sedimentos que entulham faixas intracratônicas, implicando em compensações isostáticas, as quais permitiram a continuidade do entulhamento das bacias por subsidência e processo de exumação das estruturas cratônicas adjacentes, por arqueamento.
Cadeias de montanhas orogênicas (grandes cordilheiras): marcadas por sua larga extensão e altitudes médias geralmente elevadas, com larguras variáveis podendo conter cones vulcânicos de elevada altitude. As grandes cordilheiras são resultantes da deriva e do choque de placas, o que implica em soerguimento de depósitos marinhos iniciados geralmente no Eopaleozóico (5000 a 10000 m de sedimentos)
Bacias sedimentares muito deformadas por dobras e falhas: geralmente delimitam áreas de convergência de placas, transformadas em cordilheiras ou arcos insulares.
Bacias sedimentares pouco deformadas: denominadas de intracratônicas por estarem embutidas nos escudos caracterizadas por planaltos sedimentares ou basálticos, tabuliformes ou ligeiramente cuestiformes.
Áreas de sedimentação moderna ou em processo de sedimentação: caracterizam as terras baixas em geral, como as planícies de extensão continental, tabulares e baixos platôs ou depressões interiores.
Interação entre bordas de placas: divergente, transformante e compressional. São a principal causa da formação de relevo na escala continental nas bordas de placa, que podem evoluir e influenciar partes centras da placa (p. ex. a borda ocidental das bacias marginais brasileiras).
Placa Sulamericana: relevo de crosta continental e relevo de talude oceânico em direção à crosta oceânica possui forte influência dos eventos passados da cadeia meso-atlântica.