Inconfidência Mineira
A Inconfidência Mineira foi uma revolta contra a dominação colonial ocorrida no final do século XVIII em Minas Gerais. Em sua maioria, os inconfidentes são membros da elite social e intelectual mineira. O integrante do movimento que fica mais conhecido, no entanto, é um homem do povo, o alferes do Regimento dos Dragões das Minas Gerais Joaquim José da Silva Xavier. Por ter trabalhado como dentista antes de entrar para a milícia, ele era chamado de Tiradentes.
Tributos – Nas últimas décadas do século XVIII, a mineração entra em declínio com o esgotamento dos depósitos de aluvião e o peso dos quintos, tributação oficial correspondente à quinta parte de toda a produção. Desde 1740, essa cota está fixada em 100 arrobas (1,5 mil quilos) de ouro anuais, qualquer que seja a produção efetiva. Para a elite de mineradores, fazendeiros, comerciantes, contratadores (arrecadadores de impostos), padres e intelectuais, o empobrecimento das vilas é resultado da dominação portuguesa, da opressão fiscal e da corrupção das autoridades. A sociedade mineira reage contrabandeando ouro e diamantes, e promovendo amotinações e conspirações para justificar o atraso no pagamento dos quintos. A metrópole aumenta a vigilância nas estradas e a fiscalização na arrecadação, e ameaça executar a derrama, a cobrança forçada dos impostos atrasados.

Traição – O anúncio da derrama leva os conspiradores a acelerar os preparativos da revolta, dentro e fora da capitania. Mas o visconde de Barbacena é informado da conspiração pelos contratadores portugueses, que traem os companheiros em troca do perdão de suas dívidas fiscais. O governador de Minas suspende a cobrança geral e manda prender os conjurados. Quase todos são encontrados em Vila Rica. Tiradentes é preso no Rio de Janeiro, para onde são enviados os outros envolvidos no processo judicial, a devassa.
Punição exemplar – A devassa arrasta-se até 1792. No início desse ano, são lidas as sentenças dos réus. Muitos são condenados à morte, mas têm a pena comutada por prisão ou degredo na África. Tiradentes, considerado por alguns historiadores um idealista manipulado pela elite que comanda o movimento, é o único condenado à morte a não obter clemência. Diferentemente dos demais inconfidentes, ele é de origem pobre e tem pouca instrução. Esses fatores, acrescidos a seu empenho em defender os ideais do grupo durante o julgamento, transformam-no em alvo preferido das autoridades coloniais. A execução ocorre no Rio, no largo da Lampadosa, em 21 de abril de 1792. Seu corpo é esquartejado e a cabeça, exposta no alto de um poste na praça central de Vila Rica.
Propaganda republicana – Punindo severamente um homem do povo, o Estado português busca ao mesmo tempo desencorajar qualquer outra rebelião contra o regime colonial e desqualificar socialmente o movimento. Durante o Império, a Inconfidência Mineira é vista pelos historiadores como uma revolta de pouca ou nenhuma importância. Coube aos chefes e ideólogos da campanha republicana, principalmente aos positivistas e republicanos radicais, resgatar a figura de Tiradentes e projetá-lo como o primeiro líder popular da luta pela independência. Logo após a proclamação da República, em 1889, Tiradentes vira oficialmente herói nacional.
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