Conflitos na África
Mesmo com processos de paz avançando em vários países, como Angola, Eritreia e Etiópia, o continente africano continua devastado por grande número de conflitos. À pobreza generalizada herdada do período colonial, ao fim do qual se formaram estados com fronteiras artificiais desenhadas pelas potências europeias, soma-se nos últimos anos uma intensa disputa pelas riquezas naturais do continente – como os minérios no oeste, centro e sul da África e o petróleo, no golfo da Guiné e na região do Saara.
Conflitos no Sudão
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Conflitos no Sudão
No oeste do Sudão, em Darfur, está ocorrendo o que a Organização das Nações Unidas (ONU) classifica como "a mais grave crise humanitária" do planeta, com mais de 2 milhões de refugiados e 70 mil mortos. O conflito é uma expressão das tensões entre populações de origem árabe e africana na franja sul do deserto do Saara. No caso de Darfur, existe um movimento separatista de negros africanos, e, em resposta, uma ação de extermínio contra essa população desencadeada por milícias árabes – com indícios de que recebam apoio do governo sudanês. O governo dos Estados Unidos (EUA) lidera a pressão contra as autoridades do Sudão para que interrompam o conflito, iniciado em 2003, sob pena de o país receber sanções econômicas. Em janeiro de 2005, o governo do Sudão comemora o acordo de paz feito com os separatistas do sul do país, onde a crescente produção de petróleo está se tornando decisiva para a economia nacional. Com isso, encerra-se uma guerra civil de décadas. Na região, a maioria da população é cristã ou animista (crenças tradicionais) e se sente esquecida pela elite islâmica que governa o Sudão. Pelo acordo, nos próximos anos haverá uma relativa autonomia da região sul, que ficará com 50% da renda petrolífera. Como eventuais sanções econômicas podem atrapalhar as ótimas perspectivas da indústria do petróleo, tudo indica que o governo sudanês fará um esforço extra para pacificar o árido Darfur.
RDC
Outro gravíssimo foco de conflito na África é a região dos lagos. O mais sangrento episódio ali ocorreu em 1994, em Ruanda, onde membros da etnia majoritária hutu, que detinha o poder, massacraram cerca de 1 milhão de tutsis. O conflito entre as duas etnias acabou transbordando para países vizinhos, como Burundi e principalmente para a República Democrática do Congo (RDC), desencadeando uma guerra civil que já deixou 3 milhões de mortos. Rico em recursos minerais, o território da RDC acabou ocupado pelos exércitos de diversos países (Ruanda, Burundi, Uganda, Zimbábue, Angola e Namíbia), coligados a vários grupos armados. As tropas estrangeiras já se retiraram, mas, apesar dos avanços nas negociações de paz, a RDC permanece em situação muito instável. Para a ONU, há uma relação estreita entre o conflito, o tráfico de armas e a exploração de recursos naturais. A extração ilegal de minérios tem sido uma das principais fontes que mantêm grupos armados.
Costa ocidental
Na costa ocidental da África, diversos países enfrentam guerras civis, nas quais se misturam rivalidades étnicas, religiosas, tráfico de armas e de diamantes (há minas na região) e, em vários casos, confrontos abertos ou ocultos entre vários países. Nos últimos anos, conflitos armados envolveram Serra Leoa, Guiné, Libéria e, agora, a Costa do Marfim – que está dividida ao meio, com os rebeldes no controle do norte do país. No restante do continente, podem-se citar também a ocupação do Saara Ocidental pelo Marrocos e a desagregação nacional na Somália (onde houve a escolha de um presidente e um Parlamento, ainda estabelecidos no Quênia) como conflitos de longa duração.
Presença dos EUA
Há nos últimos anos uma crescente presença diplomática e militar dos Estados Unidos (EUA) no continente africano. Além do aumento na quantidade de tropas e do estabelecimento de uma nova base no Djibuti (além de Quênia e Egito), o governo norte-americano estreitou relações com governos e líderes políticos. O general da Força Aérea norte-americana Charles Wald, responsável pelo comando africano, declara que "a África passa a ser um assunto estratégico de grande importância", pois "os EUA e o Ocidente obterão nos próximos cinco a dez anos 25% de suas necessidades petrolíferas no continente". Sob a diretriz mundial da guerra ao terrorismo, os EUA enviaram tropas a países da região do Saara, como Mauritânia, Chade, Mali e Nigéria. Mas analistas creditam o programa a um treinamento de exércitos regionais para no futuro proteger as zonas de extração de matérias-primas.
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