GOIÁS, FORMAÇÃO HISTÓRICA, GEOGRÁFICA E CULTURAL DO ESTADO DE GOIÁS

Situado no coração do planalto central brasileiro, o Estado de Goiás limita-se ao norte com o Estado de Tocantins; a leste e sudeste com o Estado de Minas Gerais; a leste com o Estado da Bahia; a sudoeste com o Estado de Mato Grosso do Sul; e a oeste com o Estado de Mato Grosso. Sua superfície é de 341.289,5 km2, onde se encontram terrenos cristalinos sedimentares antigos e áreas de planaltos bastante trabalhadas pela erosão, que se alternam com chapadas, apresentando características físicas de contrastes marcantes e beleza singular. As maiores altitudes localizam-se a leste e ao sul, onde se encontram a Chapada dos Veadeiros, com elevações acima de 1.200 metros, e a Serra dos Pireneus, que atinge 1.395 metros de altura. Suas terras são drenadas principalmente pelos rios Tocantins, Araguaia e Paranaíba, este um dos formadores do rio Paraná, na região meridional. Destacam-se ainda no Estado, os rios Aporé, Corumbá, São Marcos, Claro e Maranhão. No rio Araguaia encontra-se a ilha de Bananal, a maior ilha fluvial brasileira, região muito procurada por turistas para a prática da pesca e lazer.

O clima do Estado de Goiás é tropical, com inverno quente e seco e verão quente e chuvoso. As temperaturas médias são superiores a 20o C, com amplitude térmica anual de até 7o C e precipitações de 1.000 a 1.500 mm/ano.

Salvo pequena área onde domina a floresta tropical, conhecida como Mato Grosso de Goiás, a maior parte do território do Estado de Goiás apresenta o tipo de vegetação escassa do cerrado, com árvores e arbustos de galhos tortuosos, cascas grossas, folhas cobertas por pêlos e raízes muito profundas. Ao contrário das áreas de caatinga do Nordeste brasileiro, o subsolo do cerrado tem muita água, embora o solo seja ácido, com alto teor de alumínio, e pouco fértil. Por esse motivo, na estação seca parte das árvores perde as folhas para que suas raízes possam buscar a água existente no subsolo.

O nome do Estado origina-se da denominação da tribo indígena ‘guaiás’, que por corruptela se tornou Goiás. Vem do termo tupi gwa ya que quer dizer indivíduo igual, gente semelhante, da mesma raça.

A população do Estado de Goiás é de 6.970.906 habitantes, distribuídos em 246 municípios, com densidade demográfica de 8,2 habitantes por km2. Entre as cidades mais populosas do Estado encontram-se Goiânia, a capital, com 1.415.564 habitantes, seguida por Aparecida de Goiânia com  com 515.120, Anápolis, com 365.047 habitantes, Rio Verde com 205.090 e Luziânia, que conta com 195.425 habitantes. A população na faixa etária de 0 a 14 anos representa 34,4 % do total; entre 15 e 59 anos responde por 59,9 %; e os habitantes de 60 anos ou mais representam apenas 5,7 % do total da população do Estado. Na área urbana encontram-se 74,9 % da população, enquanto na zona rural vivem 25,1 %.

As mulheres representam 49,85 % do total da população e os homens 50,15 %. O índice de mortalidade infantil é de 7,8 por mil.

Existem 16.199 escolas de ensino fundamental no Estado de Goiás, 2.481 escolas de ensino médio e 128 escolas de nível superior. O índice de alfabetização no Estado em 2014 era de 94,6 %.

O Poder Executivo do Estado de Goiás é chefiado pelo Governador, eleito por voto direto, para um período de quatro anos. O atual Governador do Estado, Senhor Luiz Alberto Maguito Vilela, pertence ao Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e foi eleito em 15 de novembro de 1994. O Estado encontra-se representado no Congresso Nacional por três Senadores e 17 Deputados Federais. A Assembléia Legislativa estadual conta com 41 representantes, para um total de 2.536.602 eleitores.

Economia

A composição da economia do Estado de Goiás baseia-se na produção agrícola e na pecuária, no comércio e nas indústrias de mineração, alimentícia, de confecção, mobiliário, metalúrgica e madeireira. Na agricultura destaca-se a produção de arroz, café, algodão herbáceo, feijão, milho, soja, sorgo, trigo, cana-de- açúcar e tomate. A criação pecuária inclui 18,6 milhões de bovinos, 1,9 milhão de suínos, 49,5 mil bubalinos, além de eqüinos, asininos, ovinos e aves. O Estado de Goiás produz também água mineral, amianto, calcário, fosfato, níquel, ouro, cianita, manganês, nióbio e vermiculita.

Formação Histórica

Os colonizadores portugueses chegaram pela primeira vez na região hoje conhecida como o Estado de Goiás após quase um século do descobrimento do Brasil. As primeiras ocupações deveram-se a expedições de aventureiros bandeirantes provenientes de São Paulo, entre as quais destacou-se a de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhangüera, que seguia em busca de ouro, tendo encontrado as primeiras jazidas no final do século XVII. Conta a lenda que diante da negativa dos índios de informar-lhe sobre o lugar de onde retiravam as peças de ouro com que se adornavam, Bartolomeu Bueno da Silva despejou aguardente num prato e a queimou, dizendo aos indígenas que o mesmo faria com a água de todos os rios e nascentes da região, caso não lhe fossem mostradas as minas. Apavorados, os índios o levaram imediatamente às jazidas, chamando-o anhangüera, que significa feiticeiro no idioma nativo. Com esse nome Bartolomeu Bueno da Silva e seu filho passaram à história. Após esse fato, foram inúmeras as expedições que partiram em direção a Goiás em busca das riquezas do subsolo da região. Em 1726, foi fundado, pelo próprio Bartolomeu Bueno, o primeiro vilarejo da região, denominado Arraial da Barra. Desde então, os povoados passaram a se multiplicar e a exploração do ouro atingiu seu auge na segunda metade do século XVIII.

A colonização de Goiás deveu-se também à migração de pecuaristas que partiram de São Paulo no século XVI, em busca de melhores terras para o gado. Dessa origem ainda hoje deriva a vocação do Estado para a produção pecuária.

Em 1744, a região onde hoje se encontra o Estado de Goiás, antes pertencente ao Estado de São Paulo, foi separada e elevada à categoria de província. A partir de 1860, a lavoura e a pecuária tornaram-se as atividades principais da região, ao mesmo tempo em que a atividade de mineração do ouro entrou em decadência devido ao esgotamento das minas. A navegação a vapor e a abertura de estradas, no final do século XIX, possibilitaram o escoamento dos produtos cultivados no Estado, permitindo o desenvolvimento da região. No século XX, a construção da nova capital, Goiânia, deu grande impulso à economia do Estado, que deu sinais de novo surto de desenvolvimento com a criação de Brasília, a nova capital do Brasil, em 1960. Em 1988, o norte do Estado foi desmembrado, dando origem ao Estado do Tocantins.

Goiás Velho - A cidade de Goiás, hoje conhecida como Goiás Velho, foi a primeira capital do Estado e surgiu da existência de um vilarejo chamado Arraial de Santana, fundado em 1727 por Bartolomeu Bueno, filho de Bartolomeu Bueno da Silva, o bandeirante conhecido como Anhangüera, que havia partido de São Paulo em direção às terras de Goiás em 1682. Em 1739, a colonia localizada no Rio Vermelho, onde grande quantidade de ouro havia sido descoberta, passou a se chamar Vila Boa de Goiás, mantendo-se como capital do Estado até 1934. A cidade de 22.000 habitantes foi tombada como monumento histórico nacional e se encontra a 144 km de distância de Goiânia, a atual capital do Estado.

Goiânia

Entre as principais atrações turísticas da cidade de Goiás Velho encontram-se antigas igrejas como as igrejas do Carmo (1756), de São Francisco de Paula (1761), de Santa Bárbara (1780) e de Nossa Senhora da Abadia (1790). No interior desses antigos templos religiosos destacam-se obras de influência barroca, pinturas do século XIX e trabalhos do escultor Veiga Vale, originário da cidade de Goiás. A igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, construída em 1779, abriga atualmente o Museu de Arte Sacra da cidade, que exibe 36 dos 200 trabalhos em escultura atribuídos a Veiga Vale.

É possível visitar também o Museu das Bandeiras, situado no prédio onde funcionava a antiga Câmara e a Cadeia Pública, construído em 1755. As paredes têm um metro de largura e foram preservadas da forma original. O acervo do museu inclui instrumentos de tortura que datam do período da escravidão, mobiliários das igrejas, quadros e objetos de arte diversos, documentos históricos e produtos artesanais elaborados pelos índios Carajás.

Outro edifício datado do século XVIII e preservado na cidade de Goiás é o Palácio do Conde dos Arcos (1756), que contém preciosas peças de mobiliário da época e hoje foi transformado num centro cultural. A casa do século XVIII, onde viveu por toda a vida a poetisa Cora Coralina, que se tornou um símbolo da cidade de Goiás, também se transformou em museu onde podem ser encontradas fotografias.

Goiânia - Capital do Estado de Goiás desde 1937, a cidade de Goiânia ocupa área de 929 km2 na região sul do Estado, 209 km a sudoeste de Brasília. Foi fundada em 1933, a partir de um plano urbanístico simétrico, e passou a substituir a cidade de Goiás como centro administrativo do Estado já em 1935, dois anos antes de se tornar a capital.

Entre as principais atrações turísticas de Goiânia encontra-se o Museu Zoroastro Artiaga, que reune grande quantidade de produtos artesanais indígenas, o Museu Ornitológico, com 8.000 espécimes de animais, entre eles 6.000 pássaros, o Bosque dos Buritis, aprazível local de lazer, muito procurado pela população local, e o Zoológico, que possui diversos tipos de animais representativos de espécies ameaçadas de extinção.

Caldas Novas - Estância hidro-termal situada 167 km a sudeste de Goiânia, a 686 metros de altitude e com população de aproximadamente 20.000 habitantes, Caldas Novas atrai turistas durante todo o ano, em busca de benefícios terapêuticos oferecidos por suas águas, ou simplesmente descanso e lazer. Suas fontes termais foram descobertas no século XVII pelos bandeirantes de São Paulo, que chegaram à região em busca de ouro. O povoado foi fundado em 1749, por ocasião da descoberta de jazidas de ouro no local. A maior atração da cidade é o Balneário Municipal, onde a temperatura das águas de suas fontes varia entre 37o C (99o F) e 42o C (109o F). Nas redondezas de Caldas Novas, a 7 km do centro da cidade, encontra-se a Lagoa Quente de Pirapetinga, cercada por florestas e áreas para camping, cujas águas alcançam as mais altas temperaturas da região.

Pirenópolis - Tombada atualmente como monumento histórico nacional, a cidade de Pirenópolis, situada 128 km ao norte de Goiânia, a 770 metros de altitude, foi fundada em 1731, com a descoberta de ouro na região denominada Meia Ponte, pelo bandeirante Bartolomeu Bueno Filho. A cidade encontra-se próxima à Serra dos Pireneus e é cortada pelo rio das Almas, um dos tributários da nascente do rio Tocantins. A base da economia local encontra-se no comércio de pedras semi- preciosas, mas a cidade é também grande atrativo de pessoas místicas e de grupos que vivem em comunidades alternativas. Sua população é de 30.000 habitantes.

Alguns eventos da cidade atraem grande número de turistas. Entre os mais importantes encontra-se a Festa do Divino Espírito Santo, o festival religioso mais  celebrado em todo o centro-oeste brasileiro, que acontece 45 dias após a Semana Santa. Nele são exibidas antigas tradições folclóricas da região, torneios eqüestres, a congada (dança de origem africana que culmina com a coroação do Rei do Congo), o reisado (dança dos Três Reis), a contradança, a mascarada e as pastorinhas. Outro evento local importante é a peregrinação à Serra dos Pireneus, a 18 km de distância do centro da cidade, na primeira noite de lua cheia do mês de julho.

Entre as demais atrações significativas existentes em Pirenópolis inclui-se a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, monumento nacional construído em 1728, que possui as paredes mais espessas dentre todas as igrejas do Brasil (1,10 m de largura); a Igreja do Carmo, construída em 1750 e hoje transformada em Museu de Arte Sacra; e a Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, construída entre 1750 e 1754, que contém uma imagem de Cristo pintada em dois painéis originários do Estado da Bahia.

Nas redondezas da cidade de Pirenópolis existem locais propícios ao lazer e ao turismo, onde cataratas fluem pelas pedras formando piscinas convidativas ao banho. Entre as principais, destacam-se as Cachoeiras de Andorinha, Pilão e Água Quente.

Encontra-se ainda a 25 km de Pirenópolis, a Fazenda Babilônia, outro sítio histórico, tombado como monumento nacional e aberto à visitação. Antes conhecido como Engenho São Joaquim, foi estabelecido entre 1800 e 1805. Nesse local destacam- se as construções da fazenda, especialmente a sede, a usina de açúcar, a destilaria de aguardente, as oficinas e os alojamentos dos escravos.

Parque Nacional das Emas

Localizado na comunidade de Mineios, 425 km a sudoeste de Goiânia, o Parque Nacional das Emas foi criado em 1961 e ocupa área de 131.868 hectares, próxima à fronteira com o Estado do Mato Grosso do Sul. O parque oferece excelente amostra da paisagen e da fauna encontrada no cerrado. Milhares de casas de cupins fornecem o alimento necessário à extensa população de tamanduás existente no parque. Podem também ser encontrados porcos selvagens, veados do campo e capivaras. Lobos guarás e outros carnívoros são avistados com freqüência nas matas de várzea ao longo dos rios. Entre as espécies de pássaros existentes no parque destacam-se os papagaios, periquitos, andorinhas, bem-te-vis, sabiás e muitos outros. As emas, animais que deram o nome ao parque, ocupam espaço especial e podem ser observadas em vários locais da área. Tendo em vista o difícil acesso ao parque, as providências quanto à visitação, como aluguel de carros, fornecimento de refeições e autorização do IBAMA, devem ser tomadas em Goiânia.

Chapada dos Veadeiros

Criado em 1961, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros encontra-se localizado a 400 km de Brasília, a capital do País. Apresenta paisagem de grande beleza, exemplar típico da região Centro-Oeste do Brasil, onde predomina a vegetação de cerrado. No entanto, podem também ser encontrados no parque outros tipos de vegetação, representados por ávores mais densas, ou mesmo algumas plantas rupestres, especialmente as orquídeas. Dentro de sua área, de aproximadamente 60.000 hectares, as altitudes variam de 1.200 metros a 1.784 metros, onde se situa o ponto mais alto do Estado de Goiás, o Pico do Pouso Alto. A região mais baixa, o Vale do Rio Preto, possui inúmeros córregos e ribeirões, cachoeiras de grande beleza, com matas ciliares em suas margens, que abrigam a fauna típica da região. A Chapada dos Veadeiros é ainda o divisor de águas da bacia dos rios Maranhão e Paranã.

Indígenas

Existem atualmente quatro áreas indígenas no Estado de Goiás, três das quais já se encontram demarcadas pela Fundação Nacional do Índio - FUNAI, órgão do Governo Federal responsável pela questão indígena no País. A população indígena do Estado não ultrapassa 120 habitantes e ocupa área de 39.781 hectares, abrangendo os municípios de Aruanã, Cavalcante, Minaçu, Colinas do Sul, Nova América e Rubiataba. 

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