Espaço Geográfico | Conceitos Teóricos da Geografia

Espaço Geográfico | Conceitos Teóricos da Geografia

Espaço Geográfico - Conceitos teóricos da GeografiaEspaço Geográfico: sua (re)produção é resultante das relações entre os seres humanos e a apropriação dos recursos naturais, conforme o progresso técnico vigente ao longo da história.

Paisagem: porção imediatamente perceptível dos elementos físicos e culturais que compõem o espaço geográfico, cuja observação fornece elementos iniciais para a compreensão da organização do espaço em um dado momento histórico, exprimindo as heranças das sucessivas relações entre os seres humanos e a natureza. A paisagem pode ser natural ou cultural.

Lugar: espaço geograficamente criado pelas relações sociais locais/globais, fazendo parte da vida cotidiana e que proporciona ao indivíduo um georeferenciamento, com sensações de pertencimento, identidade e até afetividade. No lugar há a inter-relação global-local.

Território: espaço definido e delimitado por relações de poder. Em geral é o nome político para a área de um Estado, mas também pode ser uma porção do espaço apropriada, delimitada e usada por um grupo social ou indivíduo.

Região: é uma subdivisão do espaço, um recorte: subsistema de um todo com o qual mantém inter-relações.

O eminente geógrafo Milton Santos discute a existência de três meios de produção do espaço geográfico: o meio natural, o meio técnico e o meio técnico-científico-informacional.

O - meio natural é marcado pela biosfera, situada na intersecção entre a litosfera, a hidrosfera e a atmosfera. O meio natural é ritmado pelo “tempo da natureza”, ou seja, numa escala que varia de dezenas e centenas de milhares de anos a milhões e até bilhões de anos. Os grupos humanos estavam integrados ao meio natural de forma intensa, dependendo da coleta e da caça e pesca através de técnicas e instrumentos simples, mas que garantiam sua sobrevivência desde os primeiros hominídeos até o final do Paleolítico. Pouco alteravam o meio natural e os grupos sociais se constituíam com culturas próprias por estarem ocupando regiões distintas da superfície, conforme suas adaptações aos respectivos meios (os “caminhos líquidos” – rios, mares e lagos – eram os eixos de contato entre assentamentos humanos). O trabalho não estava separado de outras atividades e o tempo de sua realização estava ligado às necessidades imediatas dos grupos humanos, mas já ocorrendo uma divisão sexual de tarefas em que as mulheres coletavam frutos e raízes e cuidavam das crianças e os homens caçavam.

A partir do período Neolítico inicia-se uma intensa transformação do espaço geográfico, mecanizando-o. O ápice deste processo ocorre com a Revolução Industrial, a partir de fins do século XVIII, em que a capacidade produtiva humana passa a transformar de forma extensa e profunda a superfície terrestre. O uso de fontes de energia mecânicas ampliou a produção de artefatos e revolucionou os transportes, desencadeando a formação de uma economia-mundo com a ampliação do comércio internacional.

O meio técnico caracteriza-se pelo predomínio da indústria e da transferência de matéria por meio das redes de transportes aquaviário, ferroviário, rodoviário e aeroviário. O tempo natural é substituído pelo tempo social, com delimitações do tempo criadas pela sociedade capitalista em função das exigências do mercado. O trabalho assalariado impõe-se nas relações trabalhistas, além da subordinação dos trabalhadores ao ritmo imposto pelas máquinas. A ciência passa a ser incorporada ao desenvolvimento de técnicas, gerando a tecnologia que é a aplicação de conhecimentos científicos à produção de objetos úteis. A drástica ampliação da demanda por recursos naturais detonou um processo de colapso ambiental, manifestado nas mudanças climáticas, poluição das águas, destruição da biodiversidade, o acúmulo de lixo, entre outros.

Um novo ciclo de inovações tecnológicas iniciou-se após a Segunda Guerra Mundial e, a partir da década de 1970, impulsionado pela crise do petróleo, vem desenvolvendo-se uma revolução técnica-científica-informacional. A informática é núcleo desta revolução, em que a enorme capacidade de armazenamento de informações promoveu os avanços dos novos setores econômicos de ponta como a automação, a biotecnologia, aeroespacial ou a descoberta de novos materiais e novas pesquisas energéticas (que vem substituindo as tecnologias baseadas no petróleo, na eletricidade, eletrônica e indústria química do meio técnico). 

O meio técnico-científico e informacional expande as inovações tecnológicas da indústria à agricultura, passando pelo setor financeiro, sistemas de administração públicos e privados, a indústria cultural, saúde, educação e incorporando cada vez mais no cotidiano o uso de objetos de conteúdo tecnológico. Neste meio há o predomínio das finanças e da transferência de capitais e informações através de redes de comunicações de âmbito global, integradas virtualmente pelas tecnologias da informação (computadores, cabos de fibra óptica, satélites) e caracterizando-se pela supressão da distância na chamada “era da informação”. A economia em rede é uma característica do meio tecnocientífico e informacional, pois os mercados financeiros mundiais funcionam integrados, bem como unidades de negócio geograficamente separadas podendo ser virtualmente administradas pelas grandes corporações transnacionais. As redes são sistemas integrados de fluxos, com pontos de acesso informacional, arcos de transmissão e nós (ou pólos) de bifurcação. Apesar da abrangência global dos fluxos informacionais, o meio técnico-científico-informacional difunde-se de modo desigual no espaço geográfico, pois onde há carência de infraestrutura de comunicações (no mundo subdesenvolvido) a intensidade dos fluxos é reduzida, portanto excluindo vasta parcela da população mundial.

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