Bósnia-Herzegovina | História e Geografia da Bósnia-Herzegovina
Geografia: Área: 51.129 km². Hora local: +4h. Clima: temperado continental. Capital: Sarajevo. Cidades: Sarajevo (360.000) (1997), Banja Luka (143.079), Zenica (96.027), Tuzla (83.770), Mostar (75.865).
Populaçnao: 4,2 milhões; nacionalidade: bósnia; composição: servo-croatas 92,3%, outros 7,7%. Idioma: bósnio* (principal). Religião: islamismo 60%, cristianismo 35% (ortodoxos 17,6%, católicos 17,2%, outros 0,2%), sem religião e ateísmo 5%.
Chamada de pequena Iugoslávia por sintetizar a diversidade etno-religiosa da antiga nação balcânica, a república da Bósnia-Herzegovina foi palco do mais violento conflito de desagregação da federação iugoslava, entre 1992 e 1995. Os confrontos deixaram cerca de 200 mil mortos e 2,5 milhões de refugiados, o maior contingente em solo europeu desde a II Guerra Mundial. A paz ainda é frágil, razão pela qual cerca de 20 mil soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) permanecem no país. Apesar de avanços, como a introdução, em 2002, de uma carteira de identidade comum, duas entidades que compõe o país, a República Sérvia (sérvia) e a Federação da Bósnia (muçulmano-croata), mantêm forças armadas separadas.
História da Bósnia-Herzegovina
Na Antiguidade, a região é habitada por celtas e ilírios. A partir do século VI, povos eslavos ali se instalam. No século XI, a região cai sob domínio húngaro, até se estabelecer, no século XIII, um reino próprio. Em 1463, o território é anexado pelo Império Turco-Otomano. A maioria da população eslava local se converte ao islamismo, mas permanecem importantes comunidades ortodoxas (sérvios) e católicas (croatas). Em 1878, a Bósnia-Herzegóvina é colocada sob tutela do Império Austro-Húngaro. A anexação formal se dá em 1908. Radicais sérvios lançam uma campanha terrorista contra o domínio austríaco, que resulta no assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando, herdeiro do trono da Áustria, por um estudante sérvio na capital, Sarajevo, em 1914. É o estopim da I Guerra Mundial.
Desagregação - Em outubro de 1991, o Parlamento bósnio declara a independência da Bósnia-Herzegóvina. A minoria sérvia não aceita. Seus representantes rompem com o Parlamento e anunciam a intenção de permanecer na Iugoslávia ou em uma Grande Sérvia, que incluiria a Sérvia e partes da Bósnia-Herzegóvina e da Croácia. Para resolver a crise, o governo bósnio convoca um plebiscito em 1992, boicotado pelos sérvios. A independência é aprovada e reconhecida pela União Européia (UE) e pelos Estados Unidos (EUA). O país mergulha na guerra.
Guerra da Bósnia - O conflito opõe sérvios a uma aliança muçulmano-croata. Os sérvios praticam a limpeza étnica como estratégia de guerra: expulsam grupos rivais das áreas sob sua ocupação, chacinam civis e estabelecem campos de concentração. Croatas e bósnios muçulmanos também cometem massacres, mas em menor escala. O país pede intervenção externa, mas recebe apenas ajuda humanitária. Em 1993, a Croácia entra na guerra e reivindica parte do território bósnio. Depois, volta-se contra a Sérvia. Com o agravamento do conflito, a Organização das Nações Unidas (ONU) envia uma força de paz. Em 1993, os sérvios passam a dominar 70% do território bósnio.
Acordo de paz - Em agosto de 1995, a Otan intervém no conflito e bombardeia posições sérvias. Seguem-se derrotas militares sérvias em Krajina (Croácia) e no território bósnio, que tornam a relação de forças mais equilibrada, facilitando a proposta de paz dos EUA. A guerra termina em novembro de 1995. O Acordo de Dayton, assinado em dezembro, prevê a manutenção da Bósnia-Herzegóvina nas atuais fronteiras. O Estado é dividido em duas entidades semi-autônomas: a República Sérvia (49% do território) e a Federação da Bósnia, muçulmano-croata (51%).
Primeiras eleições - Nas primeiras eleições gerais após a guerra, os bósnios escolhem, em 1996, um Parlamento nacional, os legislativos das duas entidades e representantes da Presidência coletiva, formada por um sérvio, um croata e um bósnio muçulmano, que se revezam no cargo. Líderes nacionalistas são escolhidos para a Presidência coletiva. No mesmo ano, o Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPI) indicia Radovan Karadzic, presidente da República Sérvia da Bósnia-Herzegóvina, por responsabilidade no genocídio de muçulmanos. Sob pressão internacional, Karadzic renuncia em julho. Em dezembro, a ONU estende o mandato das tropas da Otan, que passam a se chamar Força de Estabilização (Sfor). Em 1999, mediadores internacionais determinam que o controle da disputada cidade de Brcko – até então sob administração sérvia – deve ser partilhado. O governo multiétnico toma posse em Brcko em abril. Sentenças do TPI Em março de 2000, o TPI condena o general Tihomir Blaskic a 45 anos de prisão por crimes contra a humanidade. No mês seguinte, as forças da Otan prendem o líder sérvio Momcilo Krajisnik, aliado de Karadzic, que permanece foragido. As eleições gerais de novembro de 2000, em que nenhum partido obtém maioria, refletem o delicado equilíbrio entre a representatividade das forças multiétnicas, favoráveis à integração, e as nacionalistas, contrárias à Bósnia unificada. As relações diplomáticas com a Iugoslávia (atual Sérvia e Montenegro) são reatadas no mês seguinte.
Nos últimos anos, diversos líderes dos grupos envolvidos na guerra da Bósnia são condenados pelo TPI. Em 2001, o tribunal determina 25 anos de prisão ao comandante bósnio-croata Dario Kordic, ex-presidente da União Democrática Croata da Bósnia-Herzegóvina (HDZ), por crimes de guerra e contra a humanidade. No mesmo ano, a ex-presidente da República Sérvia Biljana Plavsic, acusada de genocídio, entrega-se espontaneamente ao TPI e, em 2003, é condenada a 11 anos de prisão, passando a ser a mais alta autoridade sentenciada pelo tribunal. Também em 2003, o comandante muçulmano em Srebenica durante a guerra, Naser Oric, é preso e acusado, no TPI, de crimes de guerra contra os sérvios. Em junho de 2004, o líder sérvio Radovan Karadizic, acusado de crimes contra a humanidade, consegue mais uma vez fugir ao cerco da Otan e se esconder na região da cidade de Pale.
Nacionalismo - As forças nacionalistas saem vitoriosas nas eleições de 2002 para a Presidência tripartite do país, os legislativos locais e para o Parlamento nacional. A Presidência rotativa da Bósnia fica com o nacionalista sérvio Mirko Sarovic, do Partido Democrático Sérvio da Bósnia-Herzegóvina (SDS); Dragan Covic, croata tido como moderado dentro do HDZ; e o nacionalista bósnio muçulmano Sulejman Tihic, do Partido da Ação Democrática (SDA). O índice de abstenção, de 55%, é uma das causas do sucesso dos nacionalistas e reflete, segundo analistas, a decepção dos bósnios com as instituições políticas.Em dezembro de 2003, Adnan Terzic (SDA) torna-se primeiro-ministro. Em abril, o presidente sérvio Sarovic renuncia depois de ser acusado de espionagem e envolvimento na venda de material militar ao Iraque, em violação ao embargo da ONU. Ele é substituído por Borislav Paravac, também do SDS.
Novas Constituições - Após os ataques terroristas contra os EUA, em 2001, o governo bósnio e as autoridades de ocupação ficam alertas para a ação de eventuais extremistas islâmicos. Em 2002, o alto representante da Comunidade Internacional na Bósnia-Herzegóvina, Wolfgang Petritsch, impõe novas Constituições para as duas entidades bósnias – a República Sérvia e a Federação da Bósnia. Ambas estabelecem igualdade de direitos políticos para bósnios muçulmanos, sérvios e croatas em todo o país. O político britânico Paddy Ashdown passa a ser o novo alto representante da Comunidade Internacional na Bósnia ainda em 2002. Suas prioridades são a luta contra a corrupção e o crime organizado. Em julho daquele ano, o presidente da Bósnia, o da Iugoslávia (atual Sérvia e Montenegro) e o da Croácia reúnem-se pela primeira vez, na tentativa de promover a cooperação entre os países. Um marco nesse esforço são a reconstrução e a reabertura da ponte sobre o rio Neretva, em Mostar, em julho de 2004, que simboliza a esperança de curar as feridas entre sérvios e muçulmanos provocadas pela guerra dez anos antes, quando a ponte havia sido destruída.
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